Pelo mundo fora


contador gratis

Cascatas da Namaacha: sete anos depois da seca

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Formar empreendedores ou eternos empregados? Eis a questão

Por Edmundo Galiza Matos

Todos quantos se interessem por questões relacionadas à formação profissional, concordarão comigo que hoje, mais do que nos anos seguintes à independência nacional, o país debate-se desesperadamente por possuir gente bem formada e, preferencialmente, gente empreendedora.

Com a primazia das novas tecnologias e os desafios a elas inerentes, a actual ênfase que se dá à luta contra a pobreza absoluta não se compadece com políticas de ensino e formação profissionais apenas projectadas para “atirar cá para fora” individuos cuja perspectiva pessoal imediata é, simplesmente, procurar emprego, casar e constuir família.

Quer isto dizer que aos alunos e aos formandos deve-se-lhes fornecer ferramentas básicas mas fundamentais que não apenas o saber: idéiais, iniciativas e empreendedorismo.
Empreendedorismo visto aqui como sendo aquela capacidade de, perante um mercado de trabalho que oferece poucas oportunidades de emprego, gerar e pôr em prática idéias e iniciativas de auto-emprego.

Por outras palavras, e não tenhamos medo de o dizer, os nossos sistemas de ensino e formação profissionais, devem insuflar e até inflacionar o nosso mercado de trabalho, com gente preparada para se empregar a si próprio e dar emprego. Ou seja: queremos patrões, de preferência honestos, é preciso que se diga.

Portanto, seria desejável que nos nossos jornais se publicassem anúncios não só de oferta de emprego mas também de auto-emprego. Gênero: Patrões, procuram-se.

É verdade que é vocação dos centros de formação profissional e outras dotar os individuos de conhecimentos para as exigências dos ramos para os quais são treinados, não estando sob a alçada daquelas instituições procurar e dar emprego aos seus graduados. Mas é igualmente verdade que esses graduados devem sair dos bancos dos laboratórios, das oficinas, etc, também com o fito de, não encontrando colocação no mercado laboral, se “desenrrascar” (passe a expressão), nem que seja debaixo de um cajueiro, tendo sempre presente que a meta é ser um empreender bem sucedido à custa unicamente do seu suor e em paz consigo próprio.

Perguntar-nos-emos: quais então as entidades que mandariam publicar nos jornais ou folhetos anúncios do tipo: “Patrões, procuram-se?”.
Confesso que não sei. Os Bancos? Ou alguma instituição pública?
Uma, ambas e outras, dotadas de capacidade para conceder créditos bonificados aos candidatos a patrões, não seria uma saída?

Sei que estou pra aqui a divagar. A sonhar alto, se quiserem... Mas de uma coisa estou certo e baseando-me numa reportagem passada aqui mesmo na Rádio Moçambique: jovens de uma instituição de ensino superior, após a cerimónia de graduação, disseram que, ganha a batalha da formação, a sua luta daí em diante era, nada mais nada menos, que procurar emprego, depois constituir família e, se Deus quiser fabricar (desculpem o termo) filhos, filhos que, a pensarem como os progenitores, serão eles também futuros empregados.
Este é o sonho dos nossos graduados.

EUA - O país precisa de "Comissão da Verdade"

Por Nicholas D. Kristof, do New York Times News Service

Quando um prestigiado comandante do exército americano acusou os Estados Unidos de cometer crimes de guerra contra seus prisioneiros, fica claro que as coisas precisam mudar.
"Não há mais nenhuma dúvida de que a administração atual cometeu crimes de guerra", diz Antonio Taguba, o major aposentado que investiga os abusos no Iraque no novo e explosivo relatório sobre tortura americana dos Médicos para Direitos Humanos. "A única pergunta que continua sem resposta é se aqueles que ordenaram o uso de tortura serão responsabilizados pelos seus atos."
O primeiro passo para isso não envolve tribunais. Em vez disso, precisamos de uma Comissão da Verdade nacional para guiar o processo de autocrítica e purificação.
Isso foi feito na África do Sul após o apartheid, com a Comissão de Verdade e Reconciliação. Outro exemplo é a Comissão Kerner, estabelecida pelos próprios Estados Unidos nos anos 80 para examinar o confinamento de japoneses americanos durante a Segunda Guerra Mundial.
Hoje precisamos de uma Comissão da Verdade similar, com poder de convocar e investigar os abusos cometidos após 11 de Setembro.
Nós já sabemos que o governo dos Estados Unidos incluiu Nelson Mandela numa lista de possíveis terroristas e que o exército americano ensinou técnicas de interrogatório emprestadas de métodos chineses usados em prisioneiros americanos na Guerra da Coréia – mesmo sabendo que essas técnicas de tortura produziriam confissões falsas.
É uma desgraça nacional que mais de 100 prisioneiros morreram em custódia americana no Afeganistão, Iraque e Guantánamo. Após dois prisioneiros afegãos terem sido espancados até a morte por soldados americanos, o investigador do exército americano descobriu que as pernas de um dos prisioneiros haviam sido “trituradas”.
Além disso, muitos dos torturados eram inocentes: A administração era tão incompetente quanto imoral. O grupo de notícias McClatchy acabava de publicar uma série devastadora sobre tortura e outros abusos, onde citava Thomas White, o antigo secretário do Exército, dizendo que era óbvio que pelo menos um terço dos prisioneiros de Guantánamo não deveriam estar lá.
McClatchy diz que um prisioneiro, Mohammed Akhtiar, sofreu abusos físicos de soldados americanos, apesar de ser um conhecido defensor dos Estados Unidos. Outros prisioneiros militantes cuspiram nele, o espancaram e o chamaram de “infiel” por causa de seu histórico de ações anti-Taliban.
Esses abusos aconteceram em parte por que por vários anos após o ataque de 11 de Setembro diversas instituições nacionais não fizeram o que deveriam ter feito. O Partido Democrático deitou e rolou em vez de se posicionar como oposição leal. A mídia ficou na posição de cão de guarda, e decepcionou o público em geral.
Mesmo assim, tivemos heróis, incluindo grupos em defesa de liberdades civis e advogados de pessoas detidas. Alguns juízes entraram na onda, e alguns poucos conservadores dentro do governo se rebelaram contra o que estava acontecendo. Eric Lichtblau, do The New York Times, escreveu em seu novo livro, "Bush's Law", que o secretário do Serviço de Imigração e Naturalização, James Ziglar, foi contra os planos de fazer batidas nos bairros árabes das principais cidades americanas.
O livro conta que Ziglar declarou em uma reunião "Existe uma coisa chamada Constituição", acrescentando que tais batidas seriam ilegais e que ele não faria parte disso.
Entre as pessoas que eu mais admiro estão os advogados militares que arriscaram suas carreiras, desafiaram o Pentágono e se opuseram aos seus colegas de happy hour – tudo para preservar os suspeitos de terrorismo islâmico em circunstâncias onde a evidência muitas vezes era ambígua. Num momento em que uma nação trilhou o caminho do corporativismo, esses oficiais militares trilharam um caminho diferente, mais honrado, e merecem medalhas por sua coragem.
A Comissão da Verdade que investiga esses problemas deveria ser um grupo não partidário composto por oficiais respeitados do exército e da segurança, incluindo generais, almirantes e quadros importantes das agências de inteligência. Um grupo como esse daria credibilidade às suas decisões, que seriam respeitadas por todos os setores políticos – e não pense que eles teriam medo de ser honestos. Os oficiais do exército e de agências de inteligência que eu conheço estão chocados com os abusos tanto quanto qualquer outro grupo, em parte por que eles perceberam que se os seus colegas podem torturar, isso quer dizer que nós também seremos torturados.
O próximo presidente, seja ele Barack Obama ou John McCain, deveria se comprometer com uma Comissão da Verdade no início de seu mandato. Esta comissão apresentaria um relatório para nos ajudar a incorporar lições de nossos fracassos a fim de evitá-los nas próximas crises.
Quanto ao que fazer em Guantánamo, a melhor sugestão veio de uma publicação médica, a PLoS Neglected Tropical Diseases. Ela sugere que as instalações da prisão sejam usadas para pesquisar doenças tropicais que afligem milhões de pessoas no mundo inteiro. Uma excelente sugestão: os Estados Unidos deveriam fechar a prisão e transformá-la em uma base de pesquisa para lutar contra essas doenças que faz tantas vítimas entre os mais pobres, e talvez pudéssemos falar sobre "Guantánamo" com orgulho em vez de vergonha.