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Cascatas da Namaacha: sete anos depois da seca

terça-feira, 22 de abril de 2008

“AIMÉ CÉSAIRE” – UM HOMEM QUE RECUSOU SEMPRE HONRARIAS” – MÁRIO SOARES (*)



“Morreu na sua bela ilha - Martinica - o grande poeta e humanista, de língua francesa, Aimé Césaire, um político progressista, comunista no pós-guerra e apóstolo da negritude, como o seu amigo, também poeta e humanista, membro da Academia Francesa, Léopold Sédar Senghor, que conheci bem e do qual tenho a honra de ter sido amigo. Foi um amigo próximo do nosso Mário Pinto de Andrade, colaborador como ele da Présence Africaine.Tomei contacto com a obra de Aimé Césaire logo a seguir à guerra. Era então uma das figuras de referência da língua francesa e do anticolonialismo. Mas nunca o conheci, embora em 1970 tenha estado de passagem, em Fort-de-France, na Martinica.Ao contrário do seu amigo Senghor, Césaire recusou sempre honrarias. Foi um homem modesto, coerente com os seus valores e exemplar no seu comportamento. Idolatrado pela população da sua ilha natal, onde viveu, morreu e quis ficar sepultado. O Presidente Sarkozy ofereceu à família o Panteão Nacional, em Paris, uma honra suprema. Mas Césaire terá recusado, antecipadamente. Um grande exemplo de um africano de excepção, de um extraordinário poeta e de um grande homem."(x)

(*) - ex- Presidente português, combatente na clandestinidade, também em França, contra o fascismo salazarista

EMPRESA ESPANHOLA LANÇA PAPEL HEGIÉNICO LITERÁRIO (Clássicos literários foram impressos em rolos para deleite dos leitores)

O velho hábito de ler na casa de banho ganhou um componente moderno: o papel higiênico literário. A empresa espanhola “Empreendedores” está a lançar rolos de papel especial onde aparecem impressos clássicos da literatura mundial para que as pessoas vão lendo enquanto permaneceerem nas casas de banho. E porque não nas nossas latrinas.
O produto, vendido só através da internet, inclui trechos de literatura clássica, teatro, poesia e até textos sagrados da Bíblia e do Budismo.
“Hemingway dizia que clássico é aquele livro que todo a gente respeita, mas que ninguém lê”, afirma o dono da empresa, Raúl Camarero, que acrescenta que a ideia “é levar os livros às casas de banho, aproximando a literatura do homem”.
Raúl Camarero vai, entretanto, avisando que “surge aí um conflito interessante: limpar o traseiro com uma bela obra e o dilema moral que isso representa”.
Da Bíblia foram escolhidos trechos do Apocalipse, do Cantar dos Cantares e dos Provérbios.
Os textos sagrados budistas são O Sutra do Loto e o Livro Tibetano dos Mortos.
A intenção dos sócios da companhia era incluir também trechos do Corão, mas tiveram medo da possível reacção dos islâmicos.
“Tivemos medo de provocar ira e vingança. Alguns até ameaçaram sair do projecto, se insistíssemos”, explicou o empresário.
A idéia surgiu a partir de um espectáculo teatral.
Raúl Camarero, que dirige uma companhia de teatro, escreveu uma peça intitulada “Empreendedores”, onde uma empresa imprimia clássicos literários em papel higiênico.
A peça ganhou um prêmio no Festival de Teatro de Sevilha e a companhia decidiu então transformar ficção em realidade.
Os trechos escolhidos para a impressão são clássicos de domínio público, pelos quais não é preciso pagar direitos autorais. Mas a empresa avisa que está aberta a propostas de novos escritores.
Os rolos literários custam quase 4 euros – pouco mais de cem mil meticais - cada, e o “leitor” tem a opção de escolher os textos e a cor do papel higiênico. Eles estão disponíveis nas cores branco, laranja e rosa, feitos de uma celulose mais resistente.
A maioria dos pedidos tem sido de trechos de livros de Federico García Lorca.
“Usamos letras grandes com espaço entre as palavras para que seja uma leitura fácil e relaxante. Às vezes as pessoas não têm muito tempo na casa de banho e tem a tentação de usar o papel e não ler. Mas se pensar que esse material vai ser desperdiçado para sempre...” aí então o gosto pela leitura vence, comentou Camarero.
Desde que apareceu num programa de televisão, a companhia “Empreendedores”, que anuncia o seu produto apenas na internet, está a ficar famosa na Espanha.(X)

MOÇAMBICANOS ACUADOS PELOS MALAWIANOS

Na “Incubadora” de mais um conflito de terras em Moçambique dizem-nos as mais frescas notícias que os filhotes verão a luz do dia algures em campos férteis de Dombué, no riquissímo distrito de Angónia, em Tete.
Dão pelo nome de Malawis tornados solidários amigos de moçambicanos que nos terríveis anos da guerra em Moçambique se refugiaram nas estéreis terras de Banda e da Mama Kazamira.
Ora os Malawis, já com os vizinhos antes desavindos e hoje em paz, cobram e, pelos vistos, são bem remunerados: recebem terras e mulheres férteis, cultivam e colhem até dizer basta, produzem filhos e até já tem netos e ... o tio, o irmão, o sobrinho, o vizinho que ficou na outra margem do Chire, todos eles, são convidados a virem instalar-se em Moçambique.
De pequenas porções de terras passaram a comprar – isso mesmo, comprar – cinco, seis, dez e mais hectares, construiram uma, duas, trés, dez .... tantas casas que, de dia para noite, fundaram a sua aldeia: a aldeia dos Malawis na aldeia dos moçambicanos.
Elegeram os seus líderes (normalmente os Pioneiros) porque os nossos Anhakwua (*) não são da sua linhagem geneológica.
Um tal Milton Aziz e tantos outros residentes em Dombué acordaram num belo dia e, derepente, se vêem acuados. Já não há como escapar. De todos os lados os rostos são Malawis.
E os nossos Anhakwua que generosamente parceleram as terras e as distribuiram pelos antigos hospedeiros, hoje vêm-se impotentes: é que os pioneiros Malawis, já com filhos e netos gerados em terras moçambicanas, legam as suas porções de terras aos herdeiros e amigos que aos magotes chegam do outro lado de lá da fronteira e ... que fazer?
“Não há problema”, setenceia Cirilo Pilar, representante do estado no Posto Administrativo de Dombué, “até porque de terras férteis Angónia está cheio e dá para todos”. Até para os Malawis.
Até um dia.(X)
(*) Régulos

A SOLIDARIEDADE QUE NOS MATA

Há uns anos, quando a pandemia ainda era circunscrita a países longíquos e o tratamento só acessível aos bolsos de uns tantos infectados, a “coisa” pouco ou quase nada nos interessava. Ou não nos dizia respeito.
De dia para a noite, o céu desabou-nos pela cabeça, a pancada atordou-nos por instantes e, teimosamente, continuamos convencidos que estavamos perante um fenómeno engedrado pelos outros – as gulosas farmaceúticas – para, à nossa custa, amealharem mais uns biliões de USD. “É doença de ricos”, diziamos, sustentando a nossa crença no facto de os medicamentos para a maleita serem acessíveis a carteiras bem avantajadas.
Hoje: a Sida é doença da pobreza e afecta milhões de deserdados que pululam aqui e ali a uns poucos kilometros. A “Coisa” começou a ficar preta.
Os anti-retrovirais deixaram de ser caros: a Índia e o Brasil, países ricos na pobreza, mandaram passear os donos das patentes e começaram a “cozinhar” os “Cocktails” para retardar os efeitos letais da Sida. Popularizaram o tratamento.
Em Moçambique, ainda que em números exíguos, são milhares os sero-positivos que estão a beneficiar das mistelas que, para serem eficazes, devem ser acompanhadas por uma dieta alimentar saudável.
O paradoxo, caro leitor, chega-nos do centro do país: 50 sero-positivos que utilizavam no seu dia-a-dia a Neverapina e quejandos, morreram nos últimos trés meses porque ... deixaram de se alimentar convenientemente, uma vez que o “Xikhafu” que recebiam gratuitamente do Programa Mundial de Alimentação foi desviado para as vítimas das recentes cheias e inundações. Isto nos distritos do Dondo, Buzi e Nhamatanda.
Os doadores, muitos dos quais não passam de abutres sempre à cata de catástrofes para, à custa do que chamam solidariedade, ganharem milhões que lhes rendem os poucos milhares que gastam, os doadores escrevia eu, abandonaram os seus doentes à sua sorte (a de morrer) e atiraram-se à turba dos que perderam tudo devido à fúria das aguas.
O confragedor disto tudo é ausência do espírito de auto-estima de muitos moçambicanos que, neste caso particular, morrem por falta de uma dieta alimentar de certo modo menos cara do que os caros “Coktails” importados. O feijão, as papas, os mais variados cereais e verduras estão a dois passos da casa.(X)

SOLDADOS DA FÉ E DA PROSPERIDADE

"Onde há Coca-Cola e Correios temos Assembléia de Deus": cultos em tudo que é canto

Desde a década de 80 cientistas políticos, antropólogos e sociólogos, sem contar padres e freiras, tentam entender um mistério digno das melhores elucubrações de teólogos católicos, de Santo Agostinho a Hans Kung: a conversão pacífica de milhões de pessoas às centenas denominações evangélicas que existem pelo mundo fora. Esse processo de conquista de almas já foi interpretado como puro fanatismo, exploração de gente humilde por espertalhões, desqualificado por boçal e vítima dos preconceitos mais pitorescos.(X)

NOVA LISTA DE PECADOS PELO VATICANO?

Quem frequentou a catequese lembrar-se-á, ainda que vagamente, dos sete pecados capitais: soberba, inveja, gula, luxúria, ira, avareza, preguiça.
O Osservatore Romano, jornal oficioso do Vaticano, publicou, no passado dia 9 de Março, uma peça com o título "As Novas Formas do Pecado Social", a partir de uma entrevista com mons. Gianfranco Girotti, bispo do tribunal da Penitenciária Apostólica, organismo da Santa Sé. Mons. Girotti, depois de lembrar que o pecado "é sempre a violação da aliança com Deus e os irmãos", referiu que há várias áreas dentro das quais deparamos hoje com atitudes pecaminosas referentes aos direitos individuais e sociais.E enumerou-as: "Antes de mais, a área da bioética, dentro da qual não podemos não denunciar algumas violações dos direitos fundamentais da natureza humana, através de experiências, manipulações genéticas, cujos êxitos são difíceis de vislumbrar e ter sob controlo. Outra área, propriamente social, é a área da droga, com a qual a psique enfraquece e se obscurece a inteligência, deixando muitos jovens fora do circuito eclesial. Mais: a área das desigualdades sociais e económicas, nas quais os mais pobres se tornam cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos, alimentando uma injustiça social insustentável. E a área da ecologia, que reveste actualmente um interesse relevante."(X)

BOCAS DE WOODY ALLEN (*)

* "A vocação de um político de carreira é fazer de cada solução um problema".
* "Às vezes me perguntam por que trabalho tanto. É porque, quando ficar velho, quero pôr meus pais num asilo".
* "Certo dia, atrasei-me ao voltar da escola e meus pais pensaram que eu havia sido sequestrado. E aí entraram imediatamente em acção: alugaram meu quarto".
* "Como posso acreditar em Deus se, na semana passada, prendi a língua no rolo de minha máquina de escrever?"
* "Eu detestaria concluir que, sem Deus, a vida não teria sentido e, depois de dar um tiro nos miolos, ler no jornal no dia seguinte que Ele foi encontrado".
* "Meus reflexos não são muito bons. Certa vez fui atropelado por um carro que estava sendo empurrado por dois sujeitos".
* "Na Califórnia não se joga o lixo fora. Eles o reciclam na forma de programas de TV".
* "Não despreze a masturbação - é fazer sexo com a pessoa que você mais ama".
* "Não que eu esteja com medo de morrer. Eu só não queria estar lá quando isso acontecesse".
* "Se Deus existe, por que Ele não me dá um sinal de Sua existência? Como, por exemplo, abrir uma bela conta em meu nome num banco suíço".
* "Para você eu sou um ateu; para Deus, sou a Oposição Leal".
* "Sexo é a coisa mais divertida que eu já fiz sem rir." (X)

(*)Humorista, comediante e cineasta americano.