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Cascatas da Namaacha: sete anos depois da seca

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Imprensa: Liberdade, libertinagem, mentiras, manipulações, instrumentalizações, etc

Por: Edmundo Galiza Matos
Comemoramos, ao longo da semana passada, o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
Jornalistas de todos os quadrantes, entre sérios e uns nem tanto, “mercenários” outros (como alguém disse), aspirantes com a pena ainda por desvirginar, à mistura com charlatões, boêmios e intelectuais que à todas lá se dizem “pronto” embora de obras nunca se ouviu falar nem ler – tudo isto aprumou-se nas vestes e na linguagem e lado a lado com governantes, acadêmicos, assessores de tudo e mais alguma coisa, era só vê-los a circular pelos corredores de centros e salas de conferências. Para discutir a Liberdade de Imprensa em Moçambique.
De Portugal chegou-nos uma “Estrela” que, de tão cintilante nos iluminou para as maravilhas do Video-Phone e, pomposamente, anunciou um feito só propalado nos mídia lusos e em mais nenhuma parte do mundo, que “Foi a RTP a única a transmitir em directo para o mundo o início do derrube de Saddam Hussein”, como se os principais actores da invasão e seus soldados/jornalistas ainda se encontrassem a deambular pela 54ª avenida.
Depois, como se todos nós fossemos uns coitados aprendizes falou e não disse nada de novo sobre jornalismo investigativo.
E nós, quais palermas, queixamo-nos ao patrão: “Não há dinheiro para o jornalismo investigativo”, como se ele fosse o salvador .... Para muitos até é.
Quanto dinheiro deitado fora que, se serviu para alguma coisa, apenas foi confirmar o que há muito desconfiava: ainda somos uns paspalhos provincianos que se deleitam com o que vem da metrópole, as nossas referências estão lá do outro lado do mundo e que, a continuar assim, com os bombardeamentos que nos chegam do famoso canal dos “irmãos da mesma lingua” não falta lá grande coisa para sermos mais uma região autónoma exemplarmente conseguida num arquipélago que sonha em fazer parte da UE mesmo estando no continente dos negros.
E vão conseguir se nos descuidarmo-nos, acreditem.... porque nisso investem.(X)

Estou em casa, por isso falo livremente

Por: Edmundo Galiza Matos
... E aos microfones da rádio pública a ladainha repitida até à exaustão fez-se presente. Propalada desde 92, já lá vão quase dezasseis anos: “Em Moçambique não há Liberdade de Imprensa”; “Os jornalistas são mortos por ousarem dizer a verdade”; “Todos os jornalistas estão do lado da Frelimo”.
E depois: “Para eu estar aqui a falar livremente foi graças à luta de dezasseis anos da Renamo”; “Nós (Renamo) é que trouxemos a liberdade de imprensa”.
Ora: há ou não há Liberdade de Imprensa em Moçambique?
Eis a mais pura das contradições de uma eloquente perdiz que, aos microfones de uma amordaçada rádio pública, afirma que “Não há Liberdade de Imprensa” para, logo de seguida, em em voo razante, se disdizer ao anunciar que “Para eu estar aqui a falar livremente...”.
Aponta-se, com ironia à mistura, a contradição, não lhe restou outro caminho: “Vou processar”, anuncia, esquecendo-se do que sempre afirmou e reafirmou, ele e os seus comparsas: “todos os juízes em Moçambique estão feitos com a Frelimo”, logo indaga-se: se assim é a queixa só pode ser feita no Tribunal Internacional de Haia.(X)

Uma Azagaia nas mãos de uma Marionete

Por: Edmundo Galiza Matos
... Em microfones diferentes: um em Maputo outro em Lisboa é dito, em dias diferentes, sábado e domingo: a liberdade de expressão em Moçambique corre perigo; a liberdade de imprensa em Moçambique é parcial; que somos o pior país da Africa Austral em matéria de liberdade de imprensa.
Seremos?
E Angola, Zimbabwe, Swazilândia, ...?
Um dos exemplos para sustentar a constatação, tanto aqui no Índico quanto no Atlântico: As músicas do Azagaia foram banidas na “rádio de todos nós” porque incomodam o poder.
A ser verdade é grave, mas ... cada caso é um caso
Em Maputo se especula que o tal do Azagaia não passa de uma marionete, um instrumento de uns tantos escribas da praça com velhas contas por ajustar com o partido no Poder (ou com algumas das suas figuras de prôa), instrumento a quem entregam letras à Zeca Afonso para desbobinar. “Vá lá, canta lá isto”, dizem ao rapaz que, quem já o escutou, tem a lingua bem afiada. E o coitado, porque necessitado de umas massas para fazer das suas, faz o jogo.(X)

É este tipo de Rádios que queremos?

Por: Edmundo Galiza Matos
... e o Presidente da República referiu, primeiro nos 30 anos do SNJ e depois no próprio Dia Mundial da Liberdade de Imprensa: “Em Moçambique temos cerca de 350 orgãos de comunicação social, a maior parte dos quais rádios, entre públicas, privadas e comunitárias”. Estou a citar de memória.
De rádios posso falar porque tenho o sindrome de radiófilo. Ora aí vai.
- Booooaaa Noooiteee... com quem falo?
- Daqui a Isabel.
- Olaaaa Fofinha, como tá?
- Estou bem. Olha o meu marido quer fazer uma dedicatória...
Extracto do diálogo entre um DJ de uma rádio da grande Maputo, madrugada adiantada, e uma senhora, pelos vistos casada e provavelmente com filhos, como se pode depreender do diálogo.
É este tipo de rádios que queremos no país?
Para não falar daquelas que 24/24 horas só passam música da pior espécie que existe na face da terra, declaradamente feita para ser ouvida pelos amigos que não desgrudam das barracas.
De que se sustentam tais meios radiofónicos para estar “No Ar”?
Que política editorial as orientam?
Dá para reflectir e exigir: precisa-se com muita urgência de uma Lei de Radiodifusão.(X)