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sábado, 5 de setembro de 2009

Sandokan, inédito de Hugo Pratt, e adaptado para o teatro na Rádio Moçambique, chegou às livrarias em França

Uma versão em banda desenhada de Sandokan, "O Tigre da Malásia", da autoria de Hugo Pratt, acaba de ser editada em França pela editora Casterman, meses após a publicação em Itália.

A banda desenhada foi encomendada a Hugo Pratt, no final dos anos 1960, pelo "Corriere dei Piccoli", um suplemento infantil do diário italiano "Corriere della Sera", mas manteve-se inédito até aos nossos dias provavelmente devido ao êxito de “Corto Maltese”, que o autor começou a desenvolver na mesma época, lê-se no site da editora francesa.

Sandokan, “O Tigre da Malásia”, foi muito popular em Moçambique nos finais da década de 70, quando a Rádio Moçambique decidiu passar a obra para o teatro radiofónico no programa “Cena Aberta”.

A saga foi adaptada por Gulamo Khan e Leite de Vasconcelos e realizada por Álvaro Belo Marques, Carlos Silva e António Scwhalback.

Teodósido Mbanze, hoje assessor jurídico da Rádio Moçambique, desempenhou o principal papel, “Sandokan”, enquanto Machado da Graça representou o de James Bruck, Santa Rita (hoje nos EUA) esteve no papel do “português” Eanes e Teresa Sá Nogueira, já falecida, era a bela e misteriosa jovem inglesa - Lady Mariana.

O “Cena Aberta” de Sandokan, “O Tigre da Malásia” da Rádio Moçambique, era transmitido todos os dias depois do noticiário das 21 com uma audiência tal que as ruas da cidade de Maputo ficavam desertas àquela hora para escutar as peripécias do príncipe malaio, inimigo dos ingleses.

Recorde-se que à época não existia em Moçambique nenhum canal de televisão, pelo que a Rádio era o único meio de comunicação acessível à quase totalidade dos moçambicanos. A televisão só viria a ser instalada em Moçambique em 1980, a TVExperimental, nas mãos do governo, com José Luís Cabaço à frente do projecto.

Já sem uma audiência por aí além, o “Cena Aberta” continua a ser transmitido na empresa moçambicana de radiodifusão pública, aos sábados, as 21 horas.

Gulamo Khan e Leite de Vasconcelos, já falecidos, Santa Rita e Machado da da Graça, foram jornalistas da Rádio Moçambique.

História do “Tigre da Malásia”
A história do “Tigre da Malásia” não foi alimentada por Pratt além de desenhos e pranchas dispersos, tendo sido posta de lado por volta de 1973, quando o "Corriere della Sera" se limitava a uma trintena de páginas. Esquecidas numa caixa na editora, as pranchas da história inacabada de Sandokan de Pratt foram finalmente redescobertas pelo jornalista Alfredo Castelli, 40 anos mais tarde, encontrando finalmente o caminho das livrarias. A editora italiana de Pratt, Rozzoli-Lizard, foi a primeira a publicar este trabalho, já em 2009.

A saga de Sandokan foi criada pelo escritor italiano Emilio Salgari (1862-1911) que lhe dedicou onze livros, uma obra clássica da literatura de aventuras. Os desenhos de Pratt contam o início da saga, situada em 1849 no mar da Malásia, a algumas milhas da costa ocidental do Bornéu. Na ilha selvagem de Mompracem assolada pela tempestade, encontra-se uma inquietante personagem: o príncipe malaio Sandokan, um temido pirata que os ingleses pretendem capturar e que é conhecido por Tigre da Malásia.

Uma personagem central é o aventureiro português Eanes, leal amigo de Sandokan. É ele quem fala ao pirata sobre uma jovem esplêndida com cabelos de ouro que mora em Labuan e cuja reputação de beleza se expandiu por toda a região.

Galvanizado pela descrição do seu amigo, Sandokan decide fazer-se ao mar rumo a Labuan, para contemplar com os próprios olhos a bela e misteriosa jovem - Lady Mariana - e para se vingar dos ingleses que assassinaram a sua família.

A existência do "Sandokan" de Hugo Pratt era referida no livro de Dominque Petitfaux "De l'autre côté de Corto", editado pela Casterman em 1996. Mas ninguém tinha visto esta história inacabada e inédita, adaptada em texto por Mino Milani a partir da obra de Salgari.

Hugo Pratt nasceu em Rimini (Itália) em Junho de 1927 e morreu em Grandvaux (Suíça) em Agosto de 1995. O mais conhecido herói de Pratt é Corto Maltese, cuja primeira aparição data de 1967, na revista Sgt.Kirk. O marinheiro romântico era então uma personagem secundária.

Columbia Records editou (o seu) Miles Davis completo

Uma caixa monumental que inclui todo o Miles gravado na Columbia, entre os discos "Round Midnight" (1955) e "Filles de Kilimanjaro" (1968)

Agosto foi o mês em que se assinalou o cinquentenário da edição de "Kind of Blue", o álbum gravado pela Columbia Records e lançado no dia 17 de Agosto de 1959 que com o tempo se tornou na mais vendida gravação em estúdio da história do jazz, para além de ser considerado um dos melhores discos da história da música. Mas este vai ser também o ano em que a etiqueta americana marca a celebração da arte de Miles Davis (1926-1991) com a edição de uma caixa monumental - pela extensão, mas principalmente pelo conteúdo -, que incluirá todo o Miles gravado na Columbia, entre os discos "Round Midnight" (1955) e "Filles de Kilimanjaro" (1968).

A caixa, intitulada "The Complete Album Collection"/Columbia Legacy, contem 70 CDs com todas as gravações conhecidas e inéditas do genial compositor e trompetista (entre as últimas, está o concerto de Miles no Festival da Ilha de Wight em 1970). Mas a "pièce de résistance" é um DVD também absolutamente inédito, "Live in Europe'67". E como bónus, um livro de 250 páginas...

Toda esta informação foi avançada pelo "site" de música Pitchfork Media, que anuncia o lançamento para 10 de Novembro, especificando que a caixa só poderá ser adquirida via Amazon. Custa tudo 369,98 dólares (pouco mais de 258 euros), o que Tom Breihan, autor da notícia, considera "uma pechincha". E é! E será também, certamente, uma edição para fazer história, como a de "Kind of Blue".(X)