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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Jaimito, o melhor guitarrista moçambicano de todos os tempos


Conheci-o cara-a-cara há 3/4 anos. A sua obra musical, essa, convivo com ela desde o lançamento dos memoráveis discos (vinil) “Amanhecer 1 e 2”. Logo após a indfependência nacional.
Refiro-me ao Jaime Machatine, ou simplesmente Jaimito.


Sempre me disseram que o melhor guitarrista moçambicano de todos os tempos foi um tal de Daíco, posição aliás que é defendida por muitos aficcionados da música moçambicana, entre os quais o nosso poeta-mor, José Craveirinha.
Não tenho como rebater tal opinião simplesmente porque não conheci Daíco. Nem sequer conheço algum registo sonoro a partir do qual possa ajuizar da sua eventual virtuosidade na guitarra.
Sendo assim, Jaimito é, na minha modesta opinião, o melhor guitarrista moçambicano de todos os tempos. Tal como Francisco Mahecuane é “rei” do Bandolim, esse fabuloso instrumento que, infelizmente, está a ser atirado para o caixote do lixo pelos nossos artistas moçambicanos. Viva Ximanganini.
Uma das imagens acima contêm escritos do “nosso” Jaimito, tirada na rampa que vai desembocar no Centro Social da Rádio Moçambique. A imagem foi registada sem o nosso guitarrista se aperceber do facto porque, ao se lhe pedir para o fazer, fica simplesmente agressivo. Diz ele que “não quero mais problemas”. Que tipo de problemas e com quém, só ele sabe.


Suponho que muitos dos que conversam amiúde com o Jaimito não sabem onde ele reside, tudo indicando que ele passa os seus dias no Centro Social da RM e dorme numa das entradas desta estação emissora. A ler ou a escrever. Escritos cujo significado, como se pode testemunhar pela imagem abaixo, só ele conhece o significado.


Jaime Machatine, ou simplesmente Jaimito, não está bem de saúde. Neste estado está ele desde que, ao que se diz, desembarcou no Aeroporto Internacional de Maputo, proveniente dos Estados Unidos. As especulações sobre as causas do seu estado de saúde são as mais variadas, uma das quais reza que o nosso guitarrista terá sido severa e macabramente torturado (mentalmente) como só os americanos sabem fazer.


Detentor de uma cultura geral muito acima da considerada alta entre nós, Jaimito, mesmo no estado em que se encontra, disserta sobre uma variada gama de assuntos, com destaque para a música e literatura (sobretudo a Beat).
Eu particularmente, produto da geração 1960/1970, tenho reservado algum do meu tempo para uns dedos de conversa com o Jaime Machatine.


Quem o quiser encontrar e com ele passar uns bons momentos, encontrál-o-á no Centro Social da Rádio Moçambique. Um conselho: se quiser ofertar algo ao nosso guitarrista escolha como prenda um livro ou uma cassete de música; um café é bem vindo. Nunca, mas nunca mesmo, se atreva a sugerir que ele coma algo porque, ao que parece, ele considera esse gesto como sendo destinado aos mendigos. O que ele não é.

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