A polémica sobre “As Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo” chegou também a Moçambique, com acusações de “distorção da história colonial”, embora haja quem considere “empolada” a contestação.
“As Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo”, um concurso promovido por instituições portuguesas, nomeadamente pela televisão pública RTP, pretende a selecção, através de votação por internet, de sete dos lugares mais emblemáticos construídos durante o império colonial português.
Esta semana, um grupo de académicos de vários países do mundo criticou numa carta aberta os promotores do evento por considerarem que “distorcerem o passado sangrento da sua expansão colonial em África”.
Em Moçambique, “representado” no concurso pela Ilha de Moçambique, o diário de maior circulação do país, o Notícias, dedicou esta semana toda a página dois do seu suplemento cultural ao concurso, mas é na segunda coluna desse espaço que escreve: “Escravatura – Vergonha que Portugal prefere contornar”.
Citando a referida carta aberta, o jornalista Paul Fauvet, autor do texto inserido no Notícias, diz que “o Governo português e os organizadores do concurso ignoraram a dor daqueles que tiveram seus antepassados deportados desses entrepostos comerciais e muitas vezes ali mortos”.
“Será possível desvincular a arquitectura dessas construções do papel que elas tiveram no passado e que ainda têm, no presente, enquanto lugares de memória de imensa tragédia que representou o tráfico transatlântico e a escravidão africana nas colónias europeias?”, questiona o Notícias, com base na carta.
Em declarações à Lusa, o director do Arquivo Histórico de Moçambique e docente de História na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Joel das Neves, considerou “empoladas as críticas a essa iniciativa”, salientando que o concurso “assenta num contexto de valorização do património arquitectónico ligado a Portugal”.
“As Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo”, um concurso promovido por instituições portuguesas, nomeadamente pela televisão pública RTP, pretende a selecção, através de votação por internet, de sete dos lugares mais emblemáticos construídos durante o império colonial português.
Esta semana, um grupo de académicos de vários países do mundo criticou numa carta aberta os promotores do evento por considerarem que “distorcerem o passado sangrento da sua expansão colonial em África”.
Em Moçambique, “representado” no concurso pela Ilha de Moçambique, o diário de maior circulação do país, o Notícias, dedicou esta semana toda a página dois do seu suplemento cultural ao concurso, mas é na segunda coluna desse espaço que escreve: “Escravatura – Vergonha que Portugal prefere contornar”.
Citando a referida carta aberta, o jornalista Paul Fauvet, autor do texto inserido no Notícias, diz que “o Governo português e os organizadores do concurso ignoraram a dor daqueles que tiveram seus antepassados deportados desses entrepostos comerciais e muitas vezes ali mortos”.
“Será possível desvincular a arquitectura dessas construções do papel que elas tiveram no passado e que ainda têm, no presente, enquanto lugares de memória de imensa tragédia que representou o tráfico transatlântico e a escravidão africana nas colónias europeias?”, questiona o Notícias, com base na carta.
Em declarações à Lusa, o director do Arquivo Histórico de Moçambique e docente de História na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Joel das Neves, considerou “empoladas as críticas a essa iniciativa”, salientando que o concurso “assenta num contexto de valorização do património arquitectónico ligado a Portugal”.
“Se o argumento de que exaltar o aspecto arquitectónico dos monumentos é faltar ao respeito da memória dos que foram escravizados na edificação desse património, ainda se irá criticar a UNESCO por considerar a Ilha de Moçambique um património da humanidade”, observou Joel das Neves.
O director do Arquivo Histórico de Moçambique referiu ainda que “alguns dos monumentos que são o orgulho do Moçambique - pós independência foram edificados no contexto da dominação colonial portuguesa”.
“Compreendo a animosidade, mas a minha opinião é a de que se está a distorcer o espírito da iniciativa”, enfatizou Joel das Neves.
Sem comentários:
Enviar um comentário