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Cascatas da Namaacha: sete anos depois da seca

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Ponte Armando Emílio Guebuza: nada vai deter os moçambicanos

A ponte em toda a sua extensão, trés anos após o início da sua construção (Foto de Stélio Bacar)
(EGMatos, numa imagem registada em outúbro de 2008, com a ponte ainda em construção)

"E agora, conseguimos concretizar esse grande sonho de todos nós ... os 20 milhões de moçambicanos ... este grande sonho de unir o país fisicamente, a partir de Caia e Chimuara” – palavras proferidas aos microfones da RM pelo Engenheiro Elias Paulo, esse moçambicano dirigiu as obras daquele que a partir de amanhã, 1 de agosto, ostentará o nome de um outro símbolo: Armando Emílio Guebuza


Por Edmundo Galiza Matos Stélio Bacar (Fotos)

A imperiosidade da construção de uma ponte sobre o Rio Zambeze sempre esteve presente desde que Moçambique se tornou independente em junho de 1975. Não apenas por motivos meramente económicos mas, e sobretudo, porque a remoção daquele obstáculo natural à livre circulação de pessoas e bens, era e é visto como um factor importante a acrescentar ao projecto de criação de um Moçambique verdadeiramente unido, do Rovuma ao Maputo.

Trinta e quatro anos depois da conquista e proclamação da soberania dos moçambicanos, eis pois que o sonho se vai tornar realidade quando amanhã, 1 de agosto, o Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, atravessar num veículo os 2.376 metros desta infra-estrutura erguida alguns metros acima do caudaloso canal Rio Zambeze.

Para a história ficará então o registo do 1 de Agosto de 2009 como um marco inigualável em que os moçambicanos lograram atingir mais uma vitória, com a qual a independência e a unidade da nação fica mais cimentada.

O povo moçambicano está assim perante a mais importante obra de engenharia construída desde 1975, pondo fim a toda a uma série de constrangimentos que obstaculizavam os esforços de desenvolvimento visando acabar com a pobreza de milhões de pessoas.

“E agora, conseguimos concretizar esse grande sonho de todos nós ... os 20 milhões de moçambicanos ... este grande sonho de unir o país fisicamente, a partir de Caia e Chimuara” – palavras proferidas aos microfones da Rádio Moçambique pelo Engenheiro Elias Paulo, esse moçambicano que, dia e noite, ombro a ombro com outros compatriotas seus, dirigiu as obras deste símbolo nacional que a partir de amanhã, 1 de agosto, ostentará o nome de um outro símbolo: Armando Emílio Guebuza.

Especificações técnicas da ponte

Na luta contra este grande obstáculo que “cortava profundamente” o país entre o sul e o norte do país, houve uma primeira tentativa interrompida no início da década de 1980 do século passado com o recrudescer da guerra de desestabilização protagonizada pelos regimes anacrónicos da então Rodésia do Sul e do apartheid na África do Sul.

Tendo como principal patrono o primeiro presidente de Moçambique, Samora Moisés Machel, conseguiu-se erguer os dois encontros e alguns pilares da futura ponte, entretanto destruídos quando o projecto foi revisto para dar lugar ao actual.

A ponte que vai entrar finalmente em funcionamento a partir deste 1 de agosto, cujo custo foi de 76 milhões de euros, está dividida em duas partes, designadamente a chamada “Ponte Principal” que atravessa o Canal do Zambeze, onde os pilares são diferentes dos erguidos nos viadutos de aproximação sobre a planície de inundação do rio.

Note-se que por altura das cheias, o rio Zambeze inunda a planície junto da ponte, saindo do seu leito por cinco quilómetros, situação que condicionava a travessia de pessoas e seus haveres entre uma margem e outra.

As distancias entre os pilares da ponte principal atingem os 135,5 metros, assim dimensionados para permitir a navegabilidade do rio. Já os vãos na ponte de aproximação estão distanciados entre si por 56 metros, o que permitirá uma segura circulação de viaturas em casa de inundações.

A estrutura da ponte em betão armado tem 2.376 metros e, o conjunto de toda a infra-estrutura – entre Caia (Sofala) e Chimuara (Zambézia) – atinge os cerca de 4.9 km.

A ponte tem 16 metros de largura com duas faixas de rodagem que permitirão a circulação de veículos nos dois sentidos, duas bermas para estacionamento das máquinas em caso de avarias e a circulação de motociclos e ciclistas, para além de dois passeios para os peões.

Na margem sul do empreendimento, do lado da província de Sofala (Caia) foi instalada uma portagem que servirá igualmente para prevenir eventuais embaraços no normal fluir do tráfego de veículos.

A circulação nos dois sentidos vai ocorrer sem limitações temporais ou de peso dos veículos.

Em duas ocasiões as obras de construção da ponte foram abaladas por cheias – 2006/7 e 2007/8 – causando alguns constrangimentos para o cumprimento dos prazos de execução do empreendimento.

Em função disso decidiu o governo conceder ao empreiteiro mais 80 dias para além do prazo inicialmente estabelecido para conclusão da obra e evitando-se que tal só se verificasse para além de 2009.

Recorde-se que o primeiro projecto desta ponte, concebida em 1978, previa um tabuleiro com pouco mais de 9 metros de largura, uma dimensão que hoje estaria largamente desajustada em função do actual parque automóvel do país.

Infelizmente, morreram dois trabalhadores”, Eng. Elias Paulo

Para o Engenheiro de Construção Civil, Elias Paulo, Director do Projecto, a primeira ilação que se tira após a conclusão da obra, foi a criação da interacção entre o dono da obra (governo), a fiscalização e o empreiteiro, três partes que, em algumas fases da obra, funcionaram como um único corpo e coeso, cuja missão era construir a ponte dentro do prazo estabelecido.

“Esta postura das partes permitiu que as obras ficassem concluídas nos três anos aprazados”, considera o Eng. Paulo, um homem satisfeito também pelo facto de não se ter registado sequer uma greve ou qualquer outra manifestação que pudesse colocar em causa o objectivo almejado.

A aposta na mão-de-obra local, ou seja, a não “importação” de trabalhadores de outros pontos do país para a execução da empreitada, foi, no entender do director do projecto, um ganho de dimensões incomensuráveis para as comunidades de Caia e Chimuara.

“Até os conflitos e instabilidade conjugais, que muito bem poderiam ser causados por trabalhadores-solteiros (as) de outras paragens, foram evitadas”, sustenta.

O princípio bem sucedido em Moçambique de envolver as comunidades nos planos de desenvolvimento foi fundamental para o bom andamento das obras, de acordo com o engenheiro Elias Paulo.

“Até os problemas sociais que amiúde surgem no seio das comunidades e que de alguma forma poderiam afectar o bom andamento da obra, eram discutidos e encontradas as necessárias soluções”.

Outro ganho inquestionável foi o facto de a Ponte Armando Emílio Guebuza ter formado operários locais qualificados que, a determinada altura da obra, tomaram “conta do recado” sem que os especialistas (supervisores) estivessem a controlá-los.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ney Matogrosso leva prêmio por influência na música brasileira

O cantor Ney Matogrosso foi contemplado nesta terça-feira, 28, com o Prêmio Shell de Música. A escolha deu-se com base nos votos do júri, dentre os quais compositores, jornalistas e críticos de música.

"Escolhemos o Ney pela sua atemporalidade e forma como trabalha com diferentes estilos musicais. Ele pode ser considerado um cantor-produtor devido à cuidadosa escolha do repertório que interpreta e dos músicos que o acompanham, além de trazer à cena novos compositores", justificou a crítica Roberta Sá, uma das juradas.

Desde o ano passado, o prêmio passou a considerar como critério a contribuição ao cenário musical brasileiro, permitindo que intérpretes, além de compositores, concorressem ao troféu.Tom Jobim, Caetano Veloso e Chico Buarque são alguns dos vencedores anteriores. A cantora Maria Bethânia foi a vencedora do ano passado.

Morreu o pioneiro do jazz moderno George Russell

George Russell morreu ontem à noite em Boston (no noroeste do estado de Massachusetts) devido a complicações da doença de Alzheimer.

Russell foi um dos principais autores do jazz moderno do pós-guerra. Trabalhou com Miles Davis, Charlie Parker e John Coltrane. Dirigiu a sua própria orquestra, a Internacional Living Time Orchestra. Em 1953 consagrou-se um dos maiores teóricos do jazz, quando escreveu “Lydian Chromatic Concept of Tonal Organisation”, obra de referência nos estudos do jazz.

Leccionou na Universidade de Boston, recebeu vários prémios Grammy e o reconhecimento da comunidade musical americana que lhe atribuiu diversas recompensas.

Nos anos 1940, Russell criou para a orquestra de Dizzy Gillespie a primeira fusão do jazz com ritmos africanos e cubanos, “Cubano be, Cubano bop”, apresentada em 1947, no Carnegie Hall, em Nova Iorque.

Na década seguinte alcança maior fama com o álbum “The Jazz Workshop”, onde figuravam sonoridades de jazz-rock que surgiriam em força somente vinte anos depois.

Álbum inédito para 50 anos de Astérix

O principal evento das celebrações dos 50 anos de Astérix será a edição de um álbum de 56 páginas, com histórias curtas inéditas, a lançar a nível mundial, em 15 línguas, a 22 de Outubro deste ano.

O anúncio já é oficial e está no recém-renovado site de Astérix, o pequeno guerreiro gaulês criado por Goscinny e Uderzo para o número inaugural da revista "Pilote".

A celebração do aniversário inclui a edição do livro "Astérix & Compagnie", oferecido gratuitamente na compra de dois álbuns da colecção, que nas suas 48 páginas em formato A5 reúne mais de três dezenas de retratos (escritos e desenhados) de algumas das mais marcantes personagens do universo Astérix, entre gauleses, romanos, piratas e outros.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Clube dos Entas: a balada na música moçambicana, recordando Maklin Comiche

Musicalmente, a balada moçambicana tem nomes importantes no seu historial, contando-se, entre eles, nomes como os de Raul Baza-Baza, António Wiliam, Eusébio Johane Tamele, Maklin Comiche. Obviamente que os nomes da balada moçambicana não se esgotam nos que citamos. Nomes há, como os de Arão Litsure, Hortêncio Langa, os irmãos Cabaço, Rabadab Zam’taka, cuja abordagem merece um programa diferente, uma vez que representam um tempo e motivações igualmente diferentes. Hoje, falaremos da balada moçambicana do cancioneiro popular moçambicano, e numa próxima ocasião da balada nacional que resultou do cancioneiro moderno europeu, e muito principalmente do cancioneiro americano.
......

Maklin Comiche terá sido, quanto a nós, uma das melhores vozes da balada moçambicana, mas infelizmente pouco recordada entre nós. Sem se furtar muito à linha melódica e vocal de Gabriel Chihau, aliás seu contemporâneo, Comiche foi no entanto diferente por conferir maior estrutura poética aos seus versos, talvez porque Chihau se mantenha mais fiel à estrutura original dos temas que interpreta, mais propensa à dança do que, propriamente, ao canto. Esta é a nossa percepção, mas deixemos o ouvinte julgar ao seu melhor critério sobre Maklin Comiche, que nos brinda à entrada com um tema emblemático do seu reportório:

(*) – Texto do Programa “Clube dos Entas”, a ser transmitido dia 23 (22H05) e 27 (02H05) na Antena Nacional da Rádio Moçambique: FM 92.3

terça-feira, 21 de julho de 2009

Obra inacabada de Graham Greene vai ser completada por leitores

Um romance inacabado de Graham Greene (1904-1991) está a ser publicado numa revista norte-americana durante este mês, que convida os leitores a terminarem o enredo. "The Empty Chair" ("A Cadeira Vazia", numa tradução literal), com apenas cinco capítulos concluídos pelo autor e cerca de 22 mil palavras, conta a história de um assassinato misterioso.

O enredo começa quando Alice Lady Perriham, uma actriz casada com um aristocrata, dá uma festa em sua casa, onde os convidados encontram o corpo do "taciturno, mal-humorado, bruto" Richard Groves, com uma faca espetada no peito.

A obra aproxima-se das histórias de misteriosos assassinatos cometidos em casas de campo típicos de Agatha Christie. Mas "a história de Graham Greene tem uma reviravolta única", conta Andrew Gulli, editor da revista "The Strand Magazine", que está a publicar o romance.

O autor iniciou o romance em 1926, quando tinha apenas 22 anos. Mas "o estilo da caracterização de Graham Greene está lá", diz Gulli. Descoberto no ano passado por François Gallix, estudioso das obras de Greene, no Centro de Humanidades na Universidade do Texas, o texto marca um ano importante na vida do escritor, pois, segundo o seu biógrafo, foi quando se converteu ao catolicismo, começou a trabalhar como subeditor no jornal londrino Times e decidiu tornar-se um escritor de sucesso.

"The Strand Magazine" irá publicar um capítulo por semana nas próximas cinco edições e está a ponderar lançar um concurso para completar a história. "Se estiverem interessados em encontrar um autor (para terminar o romance), isso será óptimo; se quiserem fazer um concurso com os leitores, também será excelente", continua o editor da revista, inspirada numa publicação do final do século XIX que tratava mistérios fictícios como os de Greene, Christie, Rudyard Kipling e Arthur Conan Doyle.

Graham Greene é mundialmente conhecido por obras como "O Condenado", "O Nosso Agente em Havana", "O Poder e a Glória", "O Americano Tranquilo" e "Monsenhor Quixote".

segunda-feira, 20 de julho de 2009

E se Jimi Hendrix tivesse sido assassinado?

Michael Jackson morreu há trés semanas e já há quem garanta que o Rei da Pop encenou a sua morte e que andará pela Terra anónimo, afastado da pressão mediática e livre das monstruosas dívidas que acumulou. Nada de surpreendente. Afinal, para muitos, Elvis continua vivo desde que morreu em 1977. Já quanto a Jimi Hendrix, as dúvidas relativas às circunstâncias da sua morte, tendo existido, nunca atingiram dimensão de mito urbano. "Rock Roadie", livro de memórias de James "Tappy" Wright, antigo "road manager" de Hendrix, pode alterar tudo isso: Jimi foi assassinado, diz.

A premissa é simples, mas digna de guião de filme de Máfia. O britânico "The Times", o primeiro jornal a entrevistar Wright acerca de revelação, divulgada há cerca de um mês, apresenta-a pormenorizadamente. Dia 18 de Setembro de 1970, o guitarrista de "Purple Haze" não terá sufocado no seu próprio vómito, depois de uma noite regada a álcool e da ingestão de vários comprimidos. Wright alega que um grupo invadiu o quarto de hotel onde Jimi estava hospedado, forçando-o a ingerir o vinho e os comprimidos que o vitimaram. O "road manager" sabe-o porque isso mesmo lhe terá confessado em 1973 Mike Jeffery, presumível autor moral do crime, "manager" de Hendrix e personagem de percurso nebuloso: serviu os serviços secretos britânicos no canal do Suez, dava-se com a máfia americana e tinha conhecimentos na CIA e no FBI. Jeffery já não poderá confirmar a história - morreu num acidente de avião, um mês depois da alegada confissão.

O motivo para o assassinato, investiga o "Times", seriam as dívidas monstruosas que Jeffery vinha acumulando. Dividas que se veria impossibilitado de saldar se Hendrix, descontente com as decisões do "manager" (em 1967 meteu-o numa digressão desastrosa com os Monkees; em 1968, tentou impedi-lo de lançar o álbum duplo "Electric Ladyland"; em 1969 pretendia obrigá-lo a contratar músicos brancos para a sua banda), levasse em frente a decisão de o despedir. Um seguro de vida de Jimi Hendrix, no valor de dois milhões de dólares e revertendo em nome de Mike Jeffery, que este celebrara algum tempo antes, como era norma no meio, poderia ser a sua salvação. Como escreve o "Times", Jimi vivo não valeria nada ao seu quase ex-manager. Morto, é fazer as contas.
James Wright conta que, à altura, o medo que Jeffery lhe incutia o impediu de revelar a confissão. Acrescenta que se manteve calado após a sua morte por receio de ser directamente implicado no caso.

Entre os entrevistados no artigo do "Times", figuras próximas do guitarrista, as reacções dividem-se. Alguns reconhecem que pode existir um fundo de verdade nas alegações de Wright. Outros, mesmo recordando o fundo sinistro de Jeffery, negam peremptoriamente que possa ter ordenado o crime. Joe Boyd, o histórico produtor que, em 1973, realizou o primeiro documentário dedicado a Jimi Hendrix, é um deles. Isto até lhe serem revelados os relatórios médicos e as memórias do polícia e dos enfermeiros que acorreram ao quarto de hotel londrino naquele 17 de Setembro de 1970 - a história é contada em "The Final Days of Jimi Hendrix", de Tony Brown, publicado em 1997.

Segundo eles, a porta do quarto estaria escancarada, sugerindo uma saída apressada, e Hendrix completamente vestido, o que contraria a tese oficial, segundo a qual teria ingerido uma quantidade exagerada de comprimidos para conseguir dormir durante várias horas. Mais: o autor da autópsia descobriu-lhe uma grande quantidade de álcool nos pulmões, mas pouco tinha sido, à altura da morte, absorvida pela corrente sanguínea - o que vai ao encontro da tese de assassinato.

O agora sexagenário James Wright não dedica grande espaço a toda esta história no seu novo livro, centrado na sagrada trindade "sexo, drogas & rock'n'roll". Dela, mais sexo, menos droga, sabemos praticamente tudo. Já uma teoria da conspiração, para mais bem montada, com pormenores aparentemente credíveis, é sempre um festim para os cultores da mitologia pop. Já fazia falta uma assim para Hendrix. Ei-la. (In Público)

Beatles: 40 anos depois

Paul McCartney apresenta-se no telhado do Ed Sullivan Theater em Nova York, nos EUA, na quarta-feira. Os Beatles fizeram sua estreia na televisão americana no mesmo local.

60 anos depois, o Scala vai vender sapatos, roupas e mobílias


Sessenta anos depois da sua entrada em funcionamento, a Pastelaria “Scala”, em plena baixa da cidade de Maputo, vai ser reaberta em Setembro próximo, agregando outras áreas comerciais para além da pastelaria, como seja, a venda de calçado, vestuário e mobiliário.

Aberto no distante ano de 1949, o “Scala” encerrou as suas portas em 2001, alegadamente porque os seus proprietários, após verem recusada a sua intenção de transformar o estabelecimento para fins para as quais não estava vocacionado, declararam falência.

Aparentemente a saída encontrada para que o emblemático lugar abrisse portas foi esta: integrar no espaço pequenas outras lojas, para além dos serviços de restauração.

Na capital moçambicana e um pouco por todas as grandes cidades, tornou-se comum transformar restaurantes, snack-bares e cervejarias, em lojas, armazéns de mercadoria diversa e locais de culto. 

Restaurantes, Cafés, Snack-Bares e Cervejarias, outrora ex-líbris da cidade de Maputo, frequentados por todo tipo de pessoas e pontos de referência turística, desapareceram, dando lugar a outras actividades e serviços. O fenómeno, estancado pela edilidade de Maputo após alguns tímidos protestos de umas poucas pessoas preocupadas com a sua descaracterização, terá sido desencadeado por alguns sectores fundamentalistas da sociedade, numa cruzada destinada a eliminar o que consideram locais de profusão do pecado. 

Reabre o “Scala” depois da sua reabilitação, fecha o “Continental”, outro estabelecimento de referência situado defronte da pastelaria. Tanto quanto é do conhecimento público, o seu encerramento foi ditado pelo tribunal judicial de Maputo, que arrestou os seus bens em virtude de o proprietário estar a braços com salários dos empregados em atraso e outras obrigações fiscais não saldadas. 

Com as montras tapadas com jornais, o “Continental” deixa assim de ser aquele local para onde empregados do comércio, escritórios, bancários, jornalistas e escritores e outros, iam para a habitual “bica” de café, para o “Mata-bicho”, lanche e a leitura de jornais. Os “habitués” ociosos, de que ninguém conhece a proveniência dos seus rendimentos, viram-se assim desprovidos da esplanada deste local, de onde, de manhã até as primeiras da noite, apreciavam o desfile das lânguidas beldades da cidade.

A dúvida agora é: quais serão os caminhos que o “Continental” terá que trilhar até a sua reabertura e se será ou não desmembrado, passando a integrar lojas de venda de calçado, vestuário e mobiliário, e a restauração como actividade secundária. A ver vamos.

A ver vamos também qual é o destino que o Conselho Municipal de Maputo ao histórico Prédio Pott, nas imediações do Scala e do Continental. Em ruínas e refúgio dos chamados “meninos da rua” e adolescentes marginais, o “Pott” é uma autentica relíquia arquitectónica a espera de uma decisão. O mais certo, dado o seu avançado estado de degradação, é que seja demolido para dar lugar a um mastodonte de ferro e cimento. 

sábado, 18 de julho de 2009

Espectáculos: para ver e não para ouvir

Edmundo Galiza Matos

Os músicos podem ser muito diferentes mas o objectivo é sempre o mesmo: tocar as pessoas emocionalmente através do som”.
Brandford Marsalis, In “Público”

Amigos meus e ocasionais ouvintes do “Clube dos Entas” têm estranhado o facto de nunca me terem enxergado nos espectáculos de música realizados nas cidades de Maputo e Matola. Consideram até que, sendo eu produtor de um programa de rádio, mais virado para a música e para factos com ela relacionados, seria natural que me interessasse também pelos eventos que amiúde têm lugar nas duas cidades. Até para me documentar e informar sobre a quantas anda a nossa música...

Porque nunca fui capaz de lhes satisfazer a curiosidade, não lhes restou outra alternativa senão conjunturar que o meu alheamento só podia residir ou num absurdo pedantismo ou então que a idade já não me permitia passar pelos excessos, habituais entre nós, sobretudo em eventos musicais. Logo eu, um credenciado noctívago e cervejeiro ajuramentado... É mesmo estranho, não encaixa.

“Pedantismo” ou “velhice”, em qual das duas categorias me situo? eis uma questão sobre a qual nunca procurei dar uma reposta, mesmo para comigo próprio, pese embora este “comportamento desviante” me azucrine a cachola, sempre que se anuncia mais um espectáculo.

Hoje, muito embora não se conheça para breve qualquer evento cultural musical, não resisti à tentativa de procurar uma resposta para o enigma, “clicada” após a leitura de uma entrevista de Brandford Marsalis, esse grande saxofonista norte-americano, conceddida à jornalista Cristina Fernandes, do jornal português “Público”, no passado dia 10.

No excerto dessa intervenção do Brandford, que a seguir transcrevo, julgo que pode estar a residir uma das razões porque ando na contra-mão da “moda” dos espectáculos:
"Em muitas sociedades, como é o caso da norte-americana, as pessoas ainda vão aos concertos para ver e não tanto para ouvir. É por isso que quando se fala do Michael Jackson os temas são as luvas, as jaquetas, o seu comportamento ou as coisas estranhas da vida dele, mas há muito pouca discussão sobre a voz”.

Ora aí está: Haverá por aí quem possa desmentir esta leitura de um dos rebentos da família Marsalis? Ninguém, pelo simples facto de que as grandes assistências dos nossos eventos culturais serem movidas por outros motivos que não os estritamente culturais. Ou seja: pretexto para a troca de copos, fuga a uma realidade cada vez mais incontrolável, exibição das mais extravagantes futilidades, para não dizer quinquilharias (telefones, vestuário, carros, etc.

Objectivamente, está-se perante mais um fénomeno de alienação das multidões e não do que devem ser os eventos culturais dignos desse nome.

De outra faceta tão interessante quanto aquela se revestem os espectáculos musicais que se realizam entre nós, mormente os que se dizem de Jazz, a maioria dos quais, tendo como cabeças de cartaz nomes nacionais e uns tantos estrangeiros.

Confesso o receio de parecer pedante mas não posso esconder o meu desacordo quanto a esta matéria, sobretudo quando os nossos promotores de espectáculos, erradamente, atribuem a este ou aquele artista ou grupo, a qualidade de executantes do género Jazz.

Se me pedirem uma definição do que é Jazz direi sem rodeios que não a tenho. De uma coisa porém estou certo: Jazz, meus senhores, pode ser tudo, menos o que se ouve em qualquer “Senta Baixo” deste país e, na melhor das hipóteses, nos momentos que antecedem a chegada dos recém-casados aos tradicionais “copos d’Agua”. Bob James e o seu “Four Play” e Jimmy Dludlu, só para citar dois nomes conhecidos, entre uma garfada e outra, sabem muito bem aos comensais esfomeados que pululam as nossas festas. O Jazz não cabe neste esquema. Tenho dito.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Leilão de retrato de Michael Jackson pintado por Andy Warhol adiado por excesso de licitações

Uma galeria de Nova Iorque anunciou hoje o adiamento de um leilão de um retrato de Michael Jackson pintado por Andy Warhol em 1984, devido ao grande número de licitadores que se mostraram interessados na obra.

"O leilão despertou grande interesse e comprovar que todos os participantes dispõem de fundos bancários exige tempo", explicou Vered, a artista e co-proprietária da galeria que tem o seu nome, adiantando que o leilão se vai manter até ao dia 15 de Agosto.

O quadro - que, segundo Vered, teve ofertas que alcançaram um milhão de dólares - reproduz numa tela de 76 por 66 centímetros um Michael Jackson sorridente envergando o emblemático traje vermelho que o popularizou com o album "Thriller".

Trata-se de um retrato do "rei da pop" pintado pelo "rei da arte pop", que em cinco anos duplicará o preço. É um grande investimento", assegurou Vered.

A galeria obteve a obra de um colecionador privado, após a morte do cantor no passado dia 25 de Junho.

A venda do quadro, que estava prevista para o passado domingo, pode alcançar os dez milhões de dólares.

domingo, 12 de julho de 2009

“Sei quem assassinou Michael”, diz Latoya Jackson

Latoya Jackson é a capa neste domingo, 12, de dois dos principais jornais sensacionalistas britânicos, o "News of the World" e "The Mail on Sunday", nas quais a irmã do "rei do pop" assegura que Michael foi assassinado e que ela sabe quem são os assassinos.

No "News of the World" Latoya afirma que são várias as pessoas responsáveis pela morte do seu irmão e que a razão foi "uma conspiração para ficar com o dinheiro de Michael". As suas declarações foram feitas dois dias depois que o chefe da polícia de Los Angeles admitiu que o assassinato era uma das linhas de investigação, algo sobre o que Latoya não tem dúvidas.

"Houve uma conspiração. Acho que foi tudo pelo dinheiro. Michael valia mais de US$ 1 bilhão em ativos por direitos de difusão musical e alguém o matou por isso. Valia mais morto que vivo", diz a irmã mais velha do cantor, que não dá nomes em nenhum momento sobre quem possam ser os assassinos.

Latoya assegura que esse "grupo de pessoas" roubou US$ 2 milhões em dinheiro e várias joias da casa do seu irmão, que o viciaram nas drogas, que o isolaram da sua família e amigos "para que se sentisse só e vulnerável", e que o obrigaram a trabalhar "até a extenuação" para continuar a ganhar dinheiro.

Michael, segundo o testemunho de Latoya, não queria dar a série de 50 shows que deviam ter começado nesta segunda-feira em Londres. "Há menos de um mês, eu disse que pensava que Michael ia morrer antes das actuações de Londres porque estava rodeado de gente que não abrigava as melhores intenções no seu coração", diz Latoya, que define o seu irmão como uma pessoa "muito dócil, calada e carinhosa, da qual as pessoas se aproveitavam".

"Nunca achei que Michael vivesse até ficar idoso", assinala a entrevistada, convencida de que Michael Jackson era "a pessoa mais só do mundo" e que "antes ou depois ia lhe acontecer algo terrível".

Nas entrevistas revela outros detalhes, como que o cantor não morreu na sua cama, mas na do médico que vivia com ele, Conrad Murray, o qual acusa de desaparecer do hospital ao qual foi levado o cantor quando ela começou a fazer-lhe perguntas. Latoya assegura que foi ela quem insistiu em que fosse feita uma segunda autópsia no cadáver após ver que "tinha marcas de picadas no pescoço e nos braços", e antecipou que conhecer os resultados finais "será um choque" para todo mundo.

Também afirma que espera que se encontre um testamento do seu irmão posterior ao de 2002, no qual Michael Jackson expressa o seu desejo que os seus filhos vivam com Diana Ross, e que "as histórias que o seu coração foi tirado (durante a autópsia) não são verdade".

Sobre o futuro dos filhos do "rei do pop", Latoya declara que nunca deixará que vão viver com sua mãe biológica, Debbie Rowe, à qual acusa de fazer parte do tipo de pessoas que "esteve junto a Michael só porque lhe interessava o seu dinheiro". Latoya acredita que as crianças continuem com os Jackson e dá alguns detalhes de como reagiram à morte do seu pai. Segundo o seu relato, as crianças não pararam de chorar até que puderam passar 30 minutos junto ao corpo do seu pai e puderam se despedir dele.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Autor Dan Brown muda para Washington por novo livro

O autor Dan Brown está de mudança para Washington para continuar com a sua bem-sucedida série de livros sobre a teoria da conspiração "O Código Da Vinci".

O último romance de Brown, "O Símbolo Perdido", será lançado a 15 de setembro e de novo retrata o simbologista fictício de Harvard Robert Langdon, numa história que se realiza num período de 12 horas.

O local e a trama do livro estavam guardados em segredo até que a editora lançou duas capas do livro nesta quarta-feira, no início de uma campanha promocional que inclui palavras cruzadas online e códigos.

A capa norte-americana do livro traz uma imagem do Capitólio com um lacre de cera vermelho contra um fundo de símbolos, enquanto a capa na Grã-Bretanha e na Austrália traz o Capitólio e uma chave.

O editor de Brown nos Estados Unidos, Jason Kaufman, da Knof Doubleday, uma marca da editora Random House, disse em um comunicado que o livro é "em grande medida" passado em Washington, mas "é uma Washington pouco reconhecida".

"Como podemos esperar, o escritor tira o véu - revelando um mundo não visto de misticismo, sociedades secretas, e locais escondidos... que mostra uma época anterior da América", disse Kaufman.

"O Símbolo Perdido" terá 6,5 milhões de cópias na primeira impressão em língua inglesa - a maior impressão da Random House, uma unidade do grupo alemão Bertelsmann AG.

"O Código Da Vinci" teve mais de 81 milhões de cópias impressas desde seu lançamento em 2003 e ficou no topo dos livros mais vendidos no mundo todo, com uma história que despertou indignação no Vaticano e em muitos católicos devido à história ficcional sobre conspiração na Igreja.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

McCartney nega que Michael quisesse ceder músicas dos Beatles

O ex-Beatle Paul McCartney deu seu parecer nesta quarta-feira, 8, sobre as informações segundo as quais Michael Jackson queria entregá-lo a sua parte sobre os direitos das canções do grupo inglês, cujos 50% são de propriedade do "rei do pop" desde os anos 80.

Em declaração divulgada no seu site oficial, McCartney afirma que "há algum tempo, a imprensa apareceu com a ideia de que Michael Jackson iria deixar-me a sua parte sobre os direitos dos Beatles no seu testamento". Segundo o músico, essas informações "foram completamente inventadas".

"Agora a informação é de que estou desolado ao saber que não me deixou as canções. Isto é completamente falso. Não tinha pensado nem por um minuto que as primeiras informações fossem verdade e, portanto, as notícias de que estou desolado são também totalmente falsas. Não acreditem em tudo o que leem", escreveu o ex-Beatle.

Michael Jackson comprou a empresa Northern Songs, que era a proprietária da maioria das canções compostas por Paul McCartney e John Lennon como membros dos Beatles, em meados dos anos 80, em um leilão no qual ofereceu mais dinheiro do que o baixista do grupo.

Esses 50% sobre os direitos das músicas dos Beatles é um dos ativos mais rentáveis e com garantia de futuro do falecido cantor, já que o seu valor estimado está em torno dos US$ 480 milhões.

McCartney declarou que, embora a amizade que manteve com Jackson nos anos 80 tenha se debilitado ao longo do tempo, ambos nunca deixaram de se considerar amigos, e tem "uma lembrança carinhosa" do tempo que passaram juntos.

"Em momentos como este, a imprensa tende a inventar coisas. Portanto, de vez em quando sinto a necessidade de deixar as coisas claras", termina o comunicado.

Moçambique: Caça furtiva, uma chaga

A Polícia moçambicana (PRM) deteve a 25 de Junho último dois cidadãos estrangeiros, na cidade da Beira, capital da província central de Sofala, por crime de abate ilegal do animal protegido, caça em período de defeso, posse ilegal de armas de fogo e furto de dispositivo electrónico.

Segundo o Departamento de Comunicação do Parque Nacional de Gorongoza (PNG), trata-se de Victor Ildefonso Anselmo, 47 anos, e Juliene Raymond, 56 anos, de nacionalidade portuguesa e francesa respectivamente.

Ambos são indiciados de abate ilegal de um elefante e apoderado indevidamente de um colar – transmissor do sinal via satélite do PNG, no dia 18 ou 19 de Junho último, perto de Chiramba, no distrito de Chemba.

Leia mais: Estrangeiros detidos por caça ilegal de elefantes

Segundo o director do Departamento de Conservação do PNG, Carlos Lopes Pereira, “o elefante denominado G4, facilmente identificável pelo colar – transmissor de grande porte que levava ao pescoço, movimentava-se, frequentemente, entre o Parque e o rio Zambeze, passando pelas Coutadas de Caça, facto conhecido pelos responsáveis e pelas comunidades”.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Mia Couto – Homenageado no Brasil, afirma que reforma ortográfica não faz sentido

Antes da unificação da grafia da língua portuguesa nos países africanos que falam oficialmente o português, é preciso discutir questões do âmbito social e político, defende o escritor moçambicano Mia Couto para quem a reforma ortográfica não faz sentido.

"Eu não tenho uma posição militante em relação a isso, não dou essa importância. Reconheço que pode haver algumas razões para se fazer uma reforma ortográfica. Eu sou crítico ao discurso que foi feito para justificar o acordo para ficarmos mais próximos, para nos entendermos melhor, isso é mesmo mentira", disse.

Para Mia Couto, os falantes da língua portuguesa já se entendem, "é mentira que tenhamos nos afastado do ponto de vista cultural do conhecimento". E complementa que "nós já nos entendemos, eu sempre li brasileiros sem dificuldade nenhuma".

De acordo com o sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras que está no Rio de Janeiro para o Festival de Teatro da Língua Portuguesa, o que afasta o mundo lusófono são as "opções políticas e estratégias que as elites desses países têm". Se estas questões não forem discutidas, segundo disse à Lusa o escritor moçambicano, "vamos criar um mal entendido pensando que automaticamente, por uma razão técnica, nós vamos chegar a uma maior proximidade".

Mia Couto diz sentir prazer em ler autores brasileiros com "elementos gráficos diferentes para que essa diversidade esteja presente". E refere não ter "medo de uma língua que tenha diversidades com a tradução de marcas culturais e geográficas, não temos que ter medo disso".

Ele afirma-se resistente ao Acordo Ortográfico que no Brasil vigora desde 1 de Janeiro deste ano. Para o escritor, os países pobres de língua portuguesa precisam "resolver uma série de outras coisas antes (da reforma) que não sei se estão a ser discutidas".

"Entendo que em Portugal este assunto foi tido com muito mais nervos e componentes psicológicos" e contrapôs que em Moçambique, um país com mais de 25 línguas africanas, o português é tido como segunda língua. "As pessoas lá são quase sempre multilíngues, pois falam duas ou três línguas africanas."

Com seu livro recém lançado no Brasil "Antes de nascer o mundo", cujo título em Portugal e em Moçambique é "Jesusalém", Mia Couto considera-se antes de tudo um poeta e diz que o que lhe fascina na prosa é o "poder fazer a criação poética, não só em cima da linguagem, mas em cima da narrativa".

"Para mim a poesia não é só um gênero literário, é uma maneira de eu ver o mundo, de eu sentir o mundo", salientou ao destacar que a literatura ainda pode causar encantamento e criar utopias.

"A literatura pode mostrar o gosto de se poder sonhar e se poder construir outros dias. Não é o escritor que desenha um caminho para a saída, mas ele mostra que há um prazer em encontrar um mundo para além desse", declarou.

Após 16 anos de guerra civil com um saldo de um milhão de mortos, Mia Couto se diz céptico, mas que a literatura pode ajudar a cicatrizar as feridas.

"Eu faço arte, literatura, e sou movido por este desejo de ter um compromisso ético de criar uma sociedade nova em Moçambique, um mundo mais justo com mais verdade", explicou.

Mia Couto é homenageado na abertura de Festival de Teatro no Brasil

O escritor moçambicano Mia Couto foi o homenageado no Festival de Teatro da Língua Portuguesa (Festlip) que decorre até dia 12, no Rio de Janeiro, e leva ao Brasil onze espectáculos teatrais de seis países lusófonos.

"Estamos a consolidar uma parte da cultura de nossa língua portuguesa. O Mia Couto é homenageado pelo que ele representa e pelo incentivo que dá aos grupos de teatro. É uma pessoa que o teatro de língua portuguesa tem se alimentado", afirmou na noite de abertura do festival a idealizadora do evento, a actriz e produtora Tânia Pires.

Esta segunda edição do festival que já integra o calendário cultural carioca reúne 80 profissionais de teatro de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal.

Cada país será representado por duas companhias, a excepção de Guiné-Bissau, que faz sua estreia no Festlip com montagem do Grupo do Teatro do Oprimido, criado no país pelo recém-falecido dramaturgo Augusto Boal.

Na programação, além da palestra de Mia Couto cujo tema será a "metamorfose da literatura para o teatro", será encenado pelo Grupo Tijac, de Moçambique, o espectáculo "Mar me Quer", baseado na obra de sua autoria.

Mia Couto disse ter tido dúvidas se aceitava o convite para o festival e afirmou ter pensado em declinar e dedicou a homenagem a todos os "heróis fazedores de teatro".

O escritor disse que na reprodução das suas obras literárias para o teatro e para o cinema, há uma "tentação de que aquilo que fizemos pelo menos não morra".

"Significa que há um diálogo entre linguagens diferentes. Transplantar significa exactamente semear no outro terreno e o que vai nascer será uma outra coisa, eu noto que meu trabalho serviu de inspiração, de ponto de partida", afirmou, ao referir que procura não ter a expectativa de que o que está a ser feito possa ser um "prolongamento" de sua obra.

Nascido em Beira, Moçambique, em 1955, Mia Couto é sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras. Além de jornalista, ex-militante político e biólogo, Mia Couto é considerado um dos grandes escritores contemporâneos africanos de literatura de expressão portuguesa.

Entre seus prémios, o moçambicano foi distinguido pelo conjunto da sua obra com o Prémio Vergílio Ferreira 1999 e também recebeu o Prémio União Latina de Literaturas Românicas em 2007.

A expectativa para este ano é de que cerca de 18 mil pessoas circulem pelas eventos culturais e assistam aos espectáculos teatrais, todos com entrada franca.

O segundo Festlip conta com apoio das embaixadas de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Portugal, Instituto Camões, Ministério da Cultura, Fundação Palmares e Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Michael Jackson homenageado em Nova Iorque horas antes de o seu corpo começar a ser velado

(Imagem registada dois dias antes da morte do "Rei" - Num ensaio)

Durante várias horas, milhares de fãs de Michael Jackson reuniram-se junto ao cine-teatro Apollo, em pleno Harlem (Nova Iorque), para prestar homenagem ao malogrado cantor. O “Rei da Pop” pisou o palco do Apollo quando tinha nove anos, integrado nos Jackson 5, o grupo que formava com os irmãos mais velhos. Na sexta-feira, o corpo do cantor começa a ser velado no rancho de Neverland.

Milhares de pessoas formaram uma longa fila à porta do cine-teatro para assistirem a um tributo musical de 45 minutos que se repetiu ao longo do dia no ecrã do cinema.

“Ele é nosso irmão, nosso amigo”, disse Al Sharpton, activista dos direitos humanos e amigo de Michael Jackson, às primeiras pessoas a chegarem à sala de cinema. “Hoje vamos amar o Michael”, indicou Sharpton, citado pela Reuters.

Michael Jackson morreu de paragem cardíaca em Los Angeles na passada quinta-feira, a poucos dias de começar uma nova série de concertos que tinham como objectivo reanimar a sua carreira, parada desde 2005, altura em que foi acusado – e mais tarde ilibado – pela justiça americana de abuso sexual de crianças.

Medicamento usado em anestesias encontrado em casa do cantor

Ainda há mais especulações que certezas acerca da causa da morte de Michael Jackson. As análises toxicológicas ao sangue do cantor ainda devem demorar vários dias até que produzam resultados conclusivos.

De acordo com o site TMZ.com - o primeiro a anunciar a morte do cantor - terá sido encontrado na casa onde Michael Jackson veio a morrer um medicamento usado em anestesias cirúrgicas. O fármaco só pode ser vendido a pessoal médico e um dos principais efeitos secundários do Propofol é a paragem cardíaca, se for tomada a par com analgésicos.

Uma antiga enfermeira de Michael Jackson, Cherilyn Lee, anunciou, por seu lado - citada pela CNN -, que a estrela pop a pressionou, sem sucesso, para que esta lhe comprasse Diprivan, o nome genérico do Propofol.

Neverland será o cenário do último adeus

Entretanto, o rancho californiano de Michael Jackson – Neverland, a 150 quilómetros a noroeste de Los Angeles – prepara-se para acolher o funeral do “Rei da pop”, cujo corpo deverá ser exposto publicamente a partir de sexta-feira.

Depois da cerimónia pública de vigília, o cadáver deverá ser enterrado numa cerimónia privada, reservada aos membros da família e amigos próximos, no domingo, embora esta informação ainda não tenha sido confirmada pelas autoridades do condado de Santa Barbara, onde está instalado rancho. As autoridades locais estão apreensivas quanto às cerimónias fúnebres, uma vez que é esperada uma legião de fãs, curiosos e jornalistas no último adeus ao cantor. De acordo com a AFP, a estrada de acesso a Neverland já estava ontem à noite cheia de camiões de transmissão por satélite das principais cadeias de televisão americanas e os hotéis da região ficaram completamente esgotados.

A decisão da família de transportar o corpo cantor para Neverland poderá indicar que a família quer fazer do rancho a última morada de Michael Jackson, à imagem de Graceland, onde está enterrado Elvis Presley.

Michael Jackson comprou o rancho de mais de mil hectares em 1988, numas colinas chamados Los Olivos, e instalou no seu perímetro um jardim zoológico e um pequeno parque de atracções, que foram desmantelados em 2005, em parte para pagar as custas judiciais do seu julgamento por abuso de menores.