Há uns anos, quando a pandemia ainda era circunscrita a países longíquos e o tratamento só acessível aos bolsos de uns tantos infectados, a “coisa” pouco ou quase nada nos interessava. Ou não nos dizia respeito.
De dia para a noite, o céu desabou-nos pela cabeça, a pancada atordou-nos por instantes e, teimosamente, continuamos convencidos que estavamos perante um fenómeno engedrado pelos outros – as gulosas farmaceúticas – para, à nossa custa, amealharem mais uns biliões de USD. “É doença de ricos”, diziamos, sustentando a nossa crença no facto de os medicamentos para a maleita serem acessíveis a carteiras bem avantajadas.
Hoje: a Sida é doença da pobreza e afecta milhões de deserdados que pululam aqui e ali a uns poucos kilometros. A “Coisa” começou a ficar preta.
Os anti-retrovirais deixaram de ser caros: a Índia e o Brasil, países ricos na pobreza, mandaram passear os donos das patentes e começaram a “cozinhar” os “Cocktails” para retardar os efeitos letais da Sida. Popularizaram o tratamento.
Em Moçambique, ainda que em números exíguos, são milhares os sero-positivos que estão a beneficiar das mistelas que, para serem eficazes, devem ser acompanhadas por uma dieta alimentar saudável.
O paradoxo, caro leitor, chega-nos do centro do país: 50 sero-positivos que utilizavam no seu dia-a-dia a Neverapina e quejandos, morreram nos últimos trés meses porque ... deixaram de se alimentar convenientemente, uma vez que o “Xikhafu” que recebiam gratuitamente do Programa Mundial de Alimentação foi desviado para as vítimas das recentes cheias e inundações. Isto nos distritos do Dondo, Buzi e Nhamatanda.
Os doadores, muitos dos quais não passam de abutres sempre à cata de catástrofes para, à custa do que chamam solidariedade, ganharem milhões que lhes rendem os poucos milhares que gastam, os doadores escrevia eu, abandonaram os seus doentes à sua sorte (a de morrer) e atiraram-se à turba dos que perderam tudo devido à fúria das aguas.
O confragedor disto tudo é ausência do espírito de auto-estima de muitos moçambicanos que, neste caso particular, morrem por falta de uma dieta alimentar de certo modo menos cara do que os caros “Coktails” importados. O feijão, as papas, os mais variados cereais e verduras estão a dois passos da casa.(X)
De dia para a noite, o céu desabou-nos pela cabeça, a pancada atordou-nos por instantes e, teimosamente, continuamos convencidos que estavamos perante um fenómeno engedrado pelos outros – as gulosas farmaceúticas – para, à nossa custa, amealharem mais uns biliões de USD. “É doença de ricos”, diziamos, sustentando a nossa crença no facto de os medicamentos para a maleita serem acessíveis a carteiras bem avantajadas.
Hoje: a Sida é doença da pobreza e afecta milhões de deserdados que pululam aqui e ali a uns poucos kilometros. A “Coisa” começou a ficar preta.
Os anti-retrovirais deixaram de ser caros: a Índia e o Brasil, países ricos na pobreza, mandaram passear os donos das patentes e começaram a “cozinhar” os “Cocktails” para retardar os efeitos letais da Sida. Popularizaram o tratamento.
Em Moçambique, ainda que em números exíguos, são milhares os sero-positivos que estão a beneficiar das mistelas que, para serem eficazes, devem ser acompanhadas por uma dieta alimentar saudável.
O paradoxo, caro leitor, chega-nos do centro do país: 50 sero-positivos que utilizavam no seu dia-a-dia a Neverapina e quejandos, morreram nos últimos trés meses porque ... deixaram de se alimentar convenientemente, uma vez que o “Xikhafu” que recebiam gratuitamente do Programa Mundial de Alimentação foi desviado para as vítimas das recentes cheias e inundações. Isto nos distritos do Dondo, Buzi e Nhamatanda.
Os doadores, muitos dos quais não passam de abutres sempre à cata de catástrofes para, à custa do que chamam solidariedade, ganharem milhões que lhes rendem os poucos milhares que gastam, os doadores escrevia eu, abandonaram os seus doentes à sua sorte (a de morrer) e atiraram-se à turba dos que perderam tudo devido à fúria das aguas.
O confragedor disto tudo é ausência do espírito de auto-estima de muitos moçambicanos que, neste caso particular, morrem por falta de uma dieta alimentar de certo modo menos cara do que os caros “Coktails” importados. O feijão, as papas, os mais variados cereais e verduras estão a dois passos da casa.(X)
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