“Morreu na sua bela ilha - Martinica - o grande poeta e humanista, de língua francesa, Aimé Césaire, um político progressista, comunista no pós-guerra e apóstolo da negritude, como o seu amigo, também poeta e humanista, membro da Academia Francesa, Léopold Sédar Senghor, que conheci bem e do qual tenho a honra de ter sido amigo. Foi um amigo próximo do nosso Mário Pinto de Andrade, colaborador como ele da Présence Africaine.Tomei contacto com a obra de Aimé Césaire logo a seguir à guerra. Era então uma das figuras de referência da língua francesa e do anticolonialismo. Mas nunca o conheci, embora em 1970 tenha estado de passagem, em Fort-de-France, na Martinica.Ao contrário do seu amigo Senghor, Césaire recusou sempre honrarias. Foi um homem modesto, coerente com os seus valores e exemplar no seu comportamento. Idolatrado pela população da sua ilha natal, onde viveu, morreu e quis ficar sepultado. O Presidente Sarkozy ofereceu à família o Panteão Nacional, em Paris, uma honra suprema. Mas Césaire terá recusado, antecipadamente. Um grande exemplo de um africano de excepção, de um extraordinário poeta e de um grande homem."(x)
(*) - ex- Presidente português, combatente na clandestinidade, também em França, contra o fascismo salazarista
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