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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Fidel Castro compra escravos moçambicanos

Muito pouca gente, por este mundo fora, teve a ousadia de reconhecer que, em algum momento da história da humanidade, planificou e executou aquilo que, séculos ou décadas depois, marcou de forma dolorosa e inesquecível a história de muitos e variados povos.
Vir a público e de forma honesta e dizer: peço desculpas pelo que eu e os meus correlogionários fizemos de hediondo contra a pessoa humana.
Ora contam-se pelos dedos da mão os que tiveram essa coragem de dizer: peço desculpas.
Alguns houveram. Muito poucos. Recordo-me do reformista da Igreja Católica, o polaco que, de visita à Terra Santa, se dirigiu ao povo judeu e, em nome da sua congregação, pediu desculpas pelo que as chamadas Cruzadas – ou guerra santa – fizeram aos descendentes de Moisés. As hostes conservadoras do Vaticano não “acharam graça” ao facto.
Um chanceler alemão, também ele criticado por neo-nazis e não só, visitou Israel, e perante a quem quiz ouvir, pediu, em nome do seu povo, que os israelitas e o mundo, perdoassem o seu país pelo genocídio porque os judeus sofreram durante a segunda Grande Guerra Mundial – estava a referir-se aos campos de concentração e à mortandade nas camaras de gaz: um total de seis milhões de judeus foram então brutalmente chacinados.
Sobre a escravatura, esse grande crime cometido pelas potencias coloniais, ninguém se lembra de alguém que tenha pedido desculpas aos povos africanos.
A não ser uma afirmação de certa forma curiosa, proferida há tempos pelo actual Presidente do Senegal, Abdulahi Wade, que passo a citar: “Eu, filho de um africano que comerciava com escravos em troca de quinquilharias, terei de pedir desculpas a quem?”
A verdade é que os africanos ainda continuam a espera que os antigos esclavagistas venham aa terreiro, em nome dos que os governavam, redimir-se do genocídio que perpetraram contra povos africanos.
Os africanos não querem indmização. Apenas querem ouvir a palavra “Desculpa”. Nada mais.
Isto vem a propósito das convicções de alguns políticos da nossa praça que, ao longo de vários anos após o fim da guerra, andaram a propalar aos quatro ventos que Samora Machel e Fidel Castro, em conluio com os seus colaboradores, acordaram enviar crianças moçambicanas para Cuba apenas para serem escravos.
Que tais crianças, ao contrário do que diziam os dois governos, não foram transportadas aos milhares para aquela ilha, única e exclusivamente para irem estudar e formarem-se em várias especialidades.
Que as nossas crianças, diziam tais políticos, foram enviadas à força apenas para trabalhar no corte da cana e nos laranjais.
Estas afirmações foram propaladas em comícios e até numa casa magna como o é a Assembleia da República. Propalavam uma falsidade na vã tentativa de que uma mentira, repetida até a exaustão, vira uma verdade.
Falharam nessa estratégia, porque hoje já nem falam disso.
Trinta anos depois da primeira leva de estudantes para Cuba, eis-nos perante uma grande e reconfortante realidade: Daquela país latino-americano regressaram ao seu país jovens formados em várias áreas do conhecimento, desde a medicina até à agronomia, só para citar duas especialidades.
Dá até para, em jeito de gracejo, dizer que o jovem médico-cirurgião João Carlos, formado em Cuba no corte da cana, realizou uma inédita e complicada operação a uma criança do Niassa, portadora de uma impressionante deformação física.
Pergunto – aquele jovem médico do Hospital Central de Nampula, foi a Cuba aprender o seu ofício ou para lá foi apenas para ser escravo dos Cubanos nas plantações de cana e laranjais?
Entre nós, existem pessoas que devem pedir desculpas a Cuba, ao seu povo e a Fidel Castro, pelas insidiosas insinuações sobre a solidariedade daquele heroico país latino americano para com Moçambique e o seu povo.
Tenho a plena certeza que se Cuba não passasse hoje grandes constragimentos económicos como consequência do embargo económico imposto há mais de quarenta anos pelo seu poderoso vizinho, os Estados Unidos, o governo cubano certamente que haveria de reabrir as suas ilhas para acolher outras tantas crianças moçambicanas e de outras nacionalidades.

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