O país em geral e a Rádio Moçambique, em particular, perderam ontem, dia 15 de Janeiro de 2008, um dos seus ícones do jornalismo desportivo. A notícia da perda irreparável desse ícone “caíu como uma bomba” nas redacções da nossa casa, do Rovuma ao Maputo. Nem de chofre se surpreende um jornalista. Mas foi isso o que aconteceu: Boquiabertos primeiro, depois como que anestesiados, fomos acordando do torpor para enfrentar a realidade bruta e cruel da morte. Era verdade.
Saíde Omar, de seu nome. 49 anos de idade completos. MORREU!
Quissanga, com as suas belas praias de areia branca, coqueiros e casuarinas ondulando embalados pelas brisas marítimas do nosso Índico, testemunhou, a 25 de Junho de 1958, o nascimento daquele que viria a ser um dos primeiros moçambicanos, depois da independência nacional, a reportar para milhões de moçambicanos e para o mundo, milhares de jogos de futebol, basquetbol, hoquei-em-patins e outras modalidades desportivas. Cá dentro e fora do país.
Saíde Omar, para os que o conheceram desde a sua infância e adolescência, não entrou para os quadros da Rádio Moçambique no mês de Março do longiquo ano de 1976 – já lá vão quase trinta e dois anos. Esta data – Março de 1976 – serve apenas para os mudos arquivos da instituição.
Saíde, para muitos de nós e para os milhares dos seus fãs por este país fora, abraçou a nossa casa e a sua causa já quando menino, de calções e sapatilhas da “UFA”, relatava as pelejas de futebol dos seus amiguinhos em descampados de Paquitiquet, Cumissete, Cuparata e Cumilamba, bairros periféricos da então cidade de Porto Amélia, hoje Pemba.
Chutar a bola ou com ela fintar um adversário – dizem os seus correligionários – era coisa que Saíde Omar não “percebia patavina”, como soe dizer-se na gíria desportiva. O que ele sabia e gostava de fazer mesmo, com todo o espalhafato próprio da idade, era relatar em “Off” as partidas inter-bairros, segurando na mão não um microfone “Sony” (Made in Japan) mas um outro microfone, de sua marca “Cruz Azul”, cujo interior albergara, não “condesadores de som”, mas sim leite condesado “Made in Mozambique”. Correndo de um lado para outro para não perder as jogadas, Saíde berrava tanto que o “relato” fazia eco nos morros que separavam os bairros pobres onde ele vivia e a cidade de cimento de Porto Amélia.
O seu sonho então: relatar tal e qual os renomados Artur Agostinho e Paulo Terra em Portugal e Carlos Sousa, Barradas e tantos outros em Pemba.
A sua ida para a vizinha cidade de Nampula para prosseguir os seus estudos secundários terá contribuído para que, agora sim, Saíde Omar passase a figurar nos arquivos dos Quadros da Rádio Moçambique. Pela mão de um ex-colega e amigo, o Carlos Costa. Em Março de 1976. Como Locutor e, aos fins de semana, como Relator Desportivo, afinal a profissão que ele abraçaria por toda a sua vida.
A fogosidade com que reportava os malabarismos, os “dribles”, os “frangos” e as vitórias e derrotas dos jogadores, chamaram a atenção da direcção central desta nossa casa: Nem mais – “Transferido para a Sede por Conveniência de Serviço” foi a ordem que o nosso amigo e colega recebeu.
Lado a lado com jornalistas desportivos como João de Sousa, Daúde Amade, Assane Zubair, Vieira Manala, Nunes Timba, Mahomed Galibo e tantos outros, Saíde começa então a despontar para o jornalismo desportivo nacional, mercê do seu talento nato e empenho no que estava a fazer.
Entre 1997 e 2001, conhecemos e labutamos com o amigo Saíde Omar também como chefe, qual um capitão de uma equipe de futebol chamada Redacção Desportiva. Quatro anos ficou o Saíde a “capitanear” esta formação que, verdade se diga, ganhou muitos campeonatos para a Rádio Moçambique e para ele. Sim, Saíde Omar ganhou e bem muitas partidas no jornalismo desportivo nacional e internacional: Durante trés anos consecutivos, entre 1999 e 2001, o saudoso Saíde foi eleito “Melhor Jornalista Desportivo Radiofónico da Taça Castle/Cosafa”, esse torneio regional das nações da África Austral. Um feito que muito o orgulhava e nos orgulha a todos nós e louvado pelo Conselho de Administração em 1999 e 2000.
Daí até atingir o patamar mais alto da carreira, foi um passo – Editor.
Uma trajectória invejável, ganha à custa de muito sacrifício e humildade, guinou-o para o patamar mais alto da carreira do Jornalismo, o de Editor.
O nosso colega e amigo Saíde Omar tinha também veia para Escritor, no caso, Desportivo. Pronto está um livro onde ele proporciona aos amantes do futebol e não só informação pertinente sobre os primórdios da modalidade em Moçambique e no continente africano. Contigências de ordem financeira, como sempre, ditaram que ele não pudesse “relatar” e “comentar” ao vivo sobre a sua obra.
Muito mais ficou por dizer. Outros de nós, que continuamos com a sua obra, saberemos preservar a personalidade e o carisma deste nosso colega que hoje nos deixa.
Ao menos nos consola o seguinte: Que Saíde Omar seja uma referência salutar para os actuais e vindouros jornalistas desportivos da Rádio Moçambique. Ele merece isso.
À viúva, aos filhos e demais familiares o Conselho de Administração da Rádio Moçambique, os Comités Sindicais, os Jornalistas e os trabalhadores em geral apresentam as mais sentidas condolências.
Saíde Omar – Adeus para Sempre.
Saíde Omar, de seu nome. 49 anos de idade completos. MORREU!
Quissanga, com as suas belas praias de areia branca, coqueiros e casuarinas ondulando embalados pelas brisas marítimas do nosso Índico, testemunhou, a 25 de Junho de 1958, o nascimento daquele que viria a ser um dos primeiros moçambicanos, depois da independência nacional, a reportar para milhões de moçambicanos e para o mundo, milhares de jogos de futebol, basquetbol, hoquei-em-patins e outras modalidades desportivas. Cá dentro e fora do país.
Saíde Omar, para os que o conheceram desde a sua infância e adolescência, não entrou para os quadros da Rádio Moçambique no mês de Março do longiquo ano de 1976 – já lá vão quase trinta e dois anos. Esta data – Março de 1976 – serve apenas para os mudos arquivos da instituição.
Saíde, para muitos de nós e para os milhares dos seus fãs por este país fora, abraçou a nossa casa e a sua causa já quando menino, de calções e sapatilhas da “UFA”, relatava as pelejas de futebol dos seus amiguinhos em descampados de Paquitiquet, Cumissete, Cuparata e Cumilamba, bairros periféricos da então cidade de Porto Amélia, hoje Pemba.
Chutar a bola ou com ela fintar um adversário – dizem os seus correligionários – era coisa que Saíde Omar não “percebia patavina”, como soe dizer-se na gíria desportiva. O que ele sabia e gostava de fazer mesmo, com todo o espalhafato próprio da idade, era relatar em “Off” as partidas inter-bairros, segurando na mão não um microfone “Sony” (Made in Japan) mas um outro microfone, de sua marca “Cruz Azul”, cujo interior albergara, não “condesadores de som”, mas sim leite condesado “Made in Mozambique”. Correndo de um lado para outro para não perder as jogadas, Saíde berrava tanto que o “relato” fazia eco nos morros que separavam os bairros pobres onde ele vivia e a cidade de cimento de Porto Amélia.
O seu sonho então: relatar tal e qual os renomados Artur Agostinho e Paulo Terra em Portugal e Carlos Sousa, Barradas e tantos outros em Pemba.
A sua ida para a vizinha cidade de Nampula para prosseguir os seus estudos secundários terá contribuído para que, agora sim, Saíde Omar passase a figurar nos arquivos dos Quadros da Rádio Moçambique. Pela mão de um ex-colega e amigo, o Carlos Costa. Em Março de 1976. Como Locutor e, aos fins de semana, como Relator Desportivo, afinal a profissão que ele abraçaria por toda a sua vida.
A fogosidade com que reportava os malabarismos, os “dribles”, os “frangos” e as vitórias e derrotas dos jogadores, chamaram a atenção da direcção central desta nossa casa: Nem mais – “Transferido para a Sede por Conveniência de Serviço” foi a ordem que o nosso amigo e colega recebeu.
Lado a lado com jornalistas desportivos como João de Sousa, Daúde Amade, Assane Zubair, Vieira Manala, Nunes Timba, Mahomed Galibo e tantos outros, Saíde começa então a despontar para o jornalismo desportivo nacional, mercê do seu talento nato e empenho no que estava a fazer.
Entre 1997 e 2001, conhecemos e labutamos com o amigo Saíde Omar também como chefe, qual um capitão de uma equipe de futebol chamada Redacção Desportiva. Quatro anos ficou o Saíde a “capitanear” esta formação que, verdade se diga, ganhou muitos campeonatos para a Rádio Moçambique e para ele. Sim, Saíde Omar ganhou e bem muitas partidas no jornalismo desportivo nacional e internacional: Durante trés anos consecutivos, entre 1999 e 2001, o saudoso Saíde foi eleito “Melhor Jornalista Desportivo Radiofónico da Taça Castle/Cosafa”, esse torneio regional das nações da África Austral. Um feito que muito o orgulhava e nos orgulha a todos nós e louvado pelo Conselho de Administração em 1999 e 2000.
Daí até atingir o patamar mais alto da carreira, foi um passo – Editor.
Uma trajectória invejável, ganha à custa de muito sacrifício e humildade, guinou-o para o patamar mais alto da carreira do Jornalismo, o de Editor.
O nosso colega e amigo Saíde Omar tinha também veia para Escritor, no caso, Desportivo. Pronto está um livro onde ele proporciona aos amantes do futebol e não só informação pertinente sobre os primórdios da modalidade em Moçambique e no continente africano. Contigências de ordem financeira, como sempre, ditaram que ele não pudesse “relatar” e “comentar” ao vivo sobre a sua obra.
Muito mais ficou por dizer. Outros de nós, que continuamos com a sua obra, saberemos preservar a personalidade e o carisma deste nosso colega que hoje nos deixa.
Ao menos nos consola o seguinte: Que Saíde Omar seja uma referência salutar para os actuais e vindouros jornalistas desportivos da Rádio Moçambique. Ele merece isso.
À viúva, aos filhos e demais familiares o Conselho de Administração da Rádio Moçambique, os Comités Sindicais, os Jornalistas e os trabalhadores em geral apresentam as mais sentidas condolências.
Saíde Omar – Adeus para Sempre.
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