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quarta-feira, 4 de junho de 2008

Fome: 850 milhões não tem o que comer

São 191 os representantes dos países membros das Nações Unidas que estão reunidos em Roma durante três dias para discutir a subida dos preços dos alimentos e as dramáticas consequências nos países mais pobres.
Ontem, foram avançadas algumas soluções para resolver a crise alimentar global.
Produzir mais. Esta é a solução mais simples para a actual crise alimentar, provocada pela escalada dos preços das matérias-primas agrícolas e pelo aumento dos custos de produção - em especial devido aos recordes dos combustíveis.
A ideia foi partilhada, ontem, pelo secretário-geral das Nações Unidas, aos participantes da reunião extraordinária da Organização para a Alimentação e Agricultura, FAO, em Roma.
Ban Ki-Moon sublinhou que a produção mundial de alimentos terá de crescer em 50% até 2030 para responder ao previsível aumento da procura. E falou de uma oportunidade histórica para revitalizar a agricultura. Este encontro ganhou contornos invulgarmente políticos devido à crise alimentar provocada pelo aumento para o valor mais alto em 30 anos do custo dos alimentos, a preços reais.
Segundo os números da FAO, a actual crise provocou situações de fome em perto de 100 milhões de pessoas em todo o mundo.
A emergência do actual contexto levou a que muitos dos principais responsáveis políticos fizessem questão de estar em Roma durante o encontro que dura até amanhã . Segundo Ban Ki-Moon, os governos puseram de lado decisões muito difíceis, nestes últimos tempos, e subestimaram a necessidade de investimentos na agricultura, o que levou a que o mundo inteiro esteja hoje a pagar um preço demasiado alto.
O presidente do Brasil, Lula da Silva, reafirmou, por seu turno, a prioridade do seu governo com o programa “Fome Zero”, ou seja três refeições por dia nas escolas.
E, citando os mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo que cada noite se deitam sem jantar, propôs encontros anuais entre países desenvolvidos e outros em vias de desenvolvimento como forma de arranjar novas fontes e recursos de financiamentos.
O presidente brasileiro solicitou ainda a eliminação total dos subsídios agrícolas nos países industrializados, acrescentando que é preciso evitar que a culpa do preço dos alimentos recaia e afecte os mais pobres.
Em 2008, a produção dos cereais crescerá 3,8% , mas os preços não vão baixar, devido à necessidade de reconstituir reservas alimentares e pela cada vez maior procura na China e Índia.
Segundo Jacques Diouf, director-geral da FAO, não há mais tempo para conversas, a instabilidade climática e os desastres dos últimos anos, provocam anualmente 262 milhões de vítimas de calamidades naturais, dos quais 98% vive em países em desenvolvimento.
Outro factor que está ligado à emergência alimentar é o dos biocombustíveis, cuja procura aumentará em 12 vezes até 2016, passando de 15 a 110 milhões de toneladas, declarou Diouf, que aproveitou para pedir aos líderes mundiais 30 mil milhões de dólares anuais para relançar a agricultura.
Num discurso empolgado, o director geral da FAO, indicou que em 2006 o mundo gastou 1,2 mil de dólares em armamento, enquanto se estragou comida no valor de 100 mil milhões de dólares. E o excesso de consumo por pessoas obesas chegou a 20 mil milhões a nível mundial.
Relançando o desafio contra a fome durante esta cimeira em Roma, o primeiro ministro espanhol, José Luís Zapatero, propôs uma nova conferência ainda este ano, para decidir uma Carta sobre a Segurança Alimentar, já que, no seu entender, as instituições internacionais não têm sabido dar resposta às emergências económicas e sociais destes últimos anos.(X)

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