Yokohama - Um responsável do Departamento da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) para África, Mobibo Traoré, considerou, quinta-feira em Yokohama, no centro do Japão, que a crise alimentar prevalecente em África é consequência das más políticas agrícolas aplicadas no continente há várias décadas.
"Os países africanos não investiram suficientemente na agricultura e o que se passa agora é apenas a manifestação duma crise estrutural", declarou.
Intervindo durante uma sessão plenária sobre a agricultura, organizada no segundo dia da Quarta Conferência de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África (TICAD IV), Traoré deplorou a atitude dos países africanos face às advertências lançadas pela FAO.
"Em 1996, a FAO organizou uma cimeira sobre a agricultura e os riscos de crises alimentares. Infelizmente, isto não mudou grande coisa", afirmou o responsável onusino.
"Africanos que tinham auto-suficiência alimentar de cerca de 85 por cento são agora obrigados a importar até mais de 50 por cento das suas necessidades alimentares. Actualmente, os pequenos produtores já não têm sementes", acrescentou.
Sublinhou a importância da aplicação de políticas agrícolas sub- regionais em África com vista a encontrar soluções duradouras para a crise alimentar.
"Nenhum país africano pode ultrapassar sozinho uma crise alimentar desta amplitude. Devem haver respostas regionais e o desenvolvimento da agricultura africana deve ser projectado a nível sub-regional", considerou o responsável da FAO.
Esta ideia é partilhada por vários intervenientes, incluindo o presidente da Comissão da União Africana (UA), o Gabonês Jean Ping, moderador da sessão.
"Esta crise lembra-nos brutalmente que não investimos suficientemente na agricultura", afirmou.(X)
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