Bemba compareceu quarta-feira diante dos juízes da Câmara do Conselho de Bruxelas, antes da sua transferência para Haia (Holanda), onde está sediado o TPI, para julgamento.
Durante a audiência, Bemba pediu a sua libertação e prometeu cooperar com a Justiça para esclarecer as acusações de crimes de guerra e contra a humanidade cometidos em 2003 na República Centro Africana (RCA) quando as suas tropas apoiaram o regime do ex-Presidente centro africano, Ange-Félix Patassé.
Segundo um porta-voz do tribunal, Jean-Pierre Bemba será mantido na cadeia porque os Serviços Secretos belgas possuem informações segundo as quais o líder do Movimento para a Libertação do Congo (MLC), ao vir a Bruxelas depois de ter deixado Faro (Portugal), tinha a intenção de regressar ao seu país.
Tendo sido informado sobre este projecto, o TPI precipitou a sua detenção, receando que na RD Congo o ex-líder rebelde se desloque a uma zona que não esteja sob controlo do Governo congolês, o que tornaria a sua detenção impossível.
Nesta situação está há vários anos para o oficial desertor tutsi congolês Laurent Nkundabatware, líder rebelde do Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP), que controla uma zona importante do Kivu Norte, desafiando as tropas governamentais congolesas que não conseguem detê-lo para o entregar ao TPI, que lançou um mandado de captura internacional contra ele.
Entretanto, militantes do MLC em Bruxelas alegam a inocência do seu líder, que, defendem, nunca estava na RCA, país que o acusa de ter cometido crimes contra a humanidade e de guerra.
Jean-Pierre Bemba havia colocado as suas tropas à disposição de Ange- Félix Patassé, confrontado com uma poderosa rebelião dirigida pelo general François Bozizé, que se proclamou Presidente após a vitória das suas tropas.
Durante esta guerra, os combatentes do MLC, por ordens de Ange-Félix Patassé, dedicaram-se a massacres de populações civis, praticaram crimes sexuais e actos de canibalismo, dos quais é acusado Jean- Pierre Bemba.
Os militantes do MLC receiam que a Bélgica entregue Jean-Pierre Bemba ao TPI, para agradar o Presidente congolês, Joseph Kabila, muito irritado devido às críticas do ministro belga dos Negócios Estrangeiros, Karel de Gucht, contra o seu regime.
Nos meios políticos belgas, receia-se que, em fúria, os partidários de Jean-Pierre ataquem os cerca de quatro mil e 500 cidadãos belgas residentes na RD Congo.(X)
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